Estamos a 28 dias do início da Copa do Mundo e não há entusiasmo nas ruas

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2014 11h08
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Manifestantes montam barricada com lixo em ato contra a Copa em São Paulo EFE Protestos contra a Copa do Mundo em todo o País

Reinaldo, os protestos contra a Copa foram mal sucedidos, embora violentos, e você diz que o maior risco para Dilma é outro, qual é?

Explico daqui a pouco, olá ouvintes e amigos da Jovem Pan.

Os protestos contra a Copa do Mundo, se misturarem algumas capitais, notadamente São Paulo e Rio. Há manifestações de categorias profissionais em greve. País afora, com boa vontade, devem ter reunido umas 20 mil pessoas, 15 mil delas em São Paulo. Entre professores da rede municipal em greve, Sem Teto e a turma do protesto propriamente.

Pois é, só na pequena Macapá, 20 mil pessoas foram ao marco zero do Equador para receber a Taça do Mundial, que já percorreu desde 2013 150 mil quilômetros em 90 países, em Junho chega a São Paulo. Assim, a capital do Amapá pode ter reunido mais gente para ver a taça do que o Brasil inteiro para se opor a isso ou aquilo.

Nesse estrito sentido, é claro que o tal “Dia Internacional de Protesto contra a Copa” foi um fiasco. Houve manifestações violentas no Rio e em São Paulo, onde agências bancárias e uma revendedora de automóveis, inclusive os carros, foram depredadas.

O repúdio à violência, ou o medo mesmo, impede a adesão de cidadãos comuns aos protestos. Gente decente não acha que se deva sair por aí quebrando tudo. O movimento contra a Copa, portanto, deu com os burros n´água.

Ocorre que desde junho não é preciso juntar milhares de pessoas para parar uma avenida, para parar a cidade, bastam algumas dezenas. Como a polícia militar só age em último caso, as cidades vão ficando reféns de minorias extremistas. Em São Paulo, por exemplo, vinte black blocs foram detidos acusados de portar coquetéis molotov e martelos. Logo serão soltos, se é que já não foram. Não há lei que possa mantê-los presos, por incrível que pareça. Ou melhor, até há mas não será aplicada.

O Planalto comemorou as manifestações magras, tomou-as como um sinal de refluxo do movimento contra a Copa, mas está ainda ressabiado porque não está de que ele não possa renascer com força. Os maquiavélicos de segunda linha do governo, saibam, nunca viram com maus olhos a pancadaria dos extremistas. Ao contrário, em certa medida devem considerá-la útil porque isso tira das ruas os manifestantes que não são profissionais.

O problemas do governo, no entanto, é outro. Estamos a 28 dias do início da Copa do Mundo, e não há entusiasmo nas ruas. Ao contrário, muita gente que não põe pano preto na cara, nem porta coquetéis molotov, está com o saco cheio dessa história e acha mesmo que em vez de se dar a tal desperdício, o Brasil deveria cuidar melhor da saúde e da educação, o tal “padrão Fifa”.

Assim, a dificuldade maior da nossa soberana, na verdade o seu temor, nem é a minoria extremista. Nessas horas o risco é sempre a maioria silenciosa, ou ao menos a expressiva massa de silenciosos que pode concordar com os postulados que anima os incendiários sem, no entanto, aderir às suas práticas.

Na imaginação do mundo petista, a esta altura os brasileiros estariam exultantes, orgulhosos, matando de inveja o Brasil de Garrastazu Médici. E, no entanto, não está acontecendo nem vai acontecer. É claro que todo mundo vai torcer para que o Brasil seja campeão, mas isso nada tem a ver com o governo. E só por isso Dilma não vai discursar no jogo inaugural.

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