Estamos diante de um escândalo que se pode chamar de cachorro grande

  • Por Jovem Pan
  • 11/09/2014 19h38

Nêumanne, qual é a comparação que se pode fazer da roubalheira da Petrobras com outros grandes escândalos correlatos?

Pois é, meu amigo ouvinte da Rádio Jovem Pan, eu já fiz aqui aquela comparação clássica, né? Há sessenta anos, houve um mar de lama, mais ou menos, logo depois da criação da Petrobras, e o presidente Getúlio Vargas meteu uma bala na cabeça e saiu do poder para entrar na história, como ele escreveu na sua carta. Comparado com o que está sendo revelado agora na delação premiada de Paulo Roberto Costa, isto aí não é um mar de lama, é uma reles pocinha.

Pois é, mas há um outro escândalo mais próximo, praticado pelos mesmos protagonistas, que também pode ser comparado. Falava-se em 80 milhões, menos de 100 milhões o roubo do Mensalão, que causou tantos danos à imagem do governo de Lula e um processo longo e bastante desgastante no STF. Vejo no jornal O Estado de S. Paulo, na edição de quarta-feira, que esse número já foi ultrapassado só pela família Costa.

Quebras de sigilo remetidas à CPI mista da Petrobras mostram depósitos de 89 milhões de reais nas contas de Paulo Roberto Costa, acusado de comandar o esquema de corrupção, na lavagem de dinheiro de 10 bilhões de reais do Alberto Yousseff, do genro Humberto Sampaio e das filhas. Paulo Roberto Costa, que Lula chamava, segundo testemunhas confiáveis, de Paulinho, assim como Dilma trata Graça Foster de Gracinha, recebeu, nos últimos dez anos, 36 milhões e 900 mil reais em contas de bancos abertas em seu nome. Humberto Sampaio, o genro, recebeu 42 milhões, mais do que ele, quer dizer um laranja bastante fortalecido – ele é dono do grupo Pragmática, alimentado com recursos de fornecedores da Petrobras. As duas filhas do ex-diretor, Ariana e Shanni Azevedo, obtiveram, respectivamente, 5,7 milhões e 4,4 milhões.

Quer dizer, estamos diante de um escândalo que se pode chamar de cachorro grande. Um escândalo realmente respeitável. Pois é, mas eu lamento muito dizer que não estou vendo nada que possa me tranquilizar quanto a sua não-repetição no futuro, assim como o mensalão foi superado rapidamente pela grande capacidade de Paulo Roberto Costa agir como despachante de interesses, como diz Ildo Sauer, que era assessor de gás e energia do Lula na sua primeira campanha vitoriosa para presidente.

 

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