As estranhas afirmações de Nilo Batista, advogado de Lula: parece que ele ensaia um recuo…
A vida dos advogados criminalistas não é fácil. É uma carreira muito promissora no Brasil, de profissionais muito bem-sucedidos, mas nem sempre eles podem ser socorridos pela lógica convencional. Não seria diferente com Nilo Batista, que advoga para Luiz Inácio Lula da Silva.
O doutor afirmou nesta segunda que o petista é vítima de “achincalhamento” e “maledicência” nessa história toda envolvendo o tríplex do Guarujá. E ele até aponta os culpados.
Batista afirmou que Léo Pinheiro, então presidente da OAS, insistiu para que fosse feita uma reforma no apartamento reservado ao ex-presidente. Mas que Lula só soube do custo da obra pelos jornais. E, ao saber do preço, desistiu.
Entendi. Ocorre que, até onde a gente acompanhava, a versão oficial da defesa é que nunca houve “um apartamento”, mas uma cota. Quando ficou claro que, naquele empreendimento, “cota” é sinônimo de “apartamento”, outro número veio à baila, não o 164A, tríplex de cobertura.
Também partiu da defesa a informação de que, quando a OAS assumiu o empreendimento, Marisa, a dona da cota-apartamento, nem quis dar dinheiro a mais nem quis de volta o que já tinha sido pago, ficando à espera de uma solução coletiva. Parece que essa versão é incompatível com a visita monitorada por Léo Pinheiro.
O advogado, no entanto, refuta a tese de que Lula tenha mudado as versões acerca do processo de compra do apartamento. Segundo Nilo Batista, o ex-presidente sempre admitiu ter adquirido cota. Claro que sim! Quem contesta isso? Mas prestem atenção ao que vem.
Segundo Batista, o “combustível nesse processo de “achincalhamento” é o fato de “os coxinhas não admitirem que um operário possa comprar um tríplex”. Não entendi, doutor Nilo! Afinal, o “operário” comprou ou não comprou o tríplex?
Acho muito impressionante que os petistas ainda insistam nessa tese do “preconceito”. Só se for “preconceito contra milionário”, que é a atual condição de Lula.
E o sítio? E o barco?
Sem admitir que o sítio de Atibaia pertence a Lula, Batista se saiu com uma explicação originalíssima para a eventual, vamos dizer, “colaboração” das empreiteiras. Um empresário amigo poderia ter feito uma visita à propriedade, constatado a precariedade e resolvido reformá-la. Então tá.
Estranhamente, Batista diz: “Aquilo é um puxado. E Lula não era mais funcionário público”. Bem, se o sítio não é do ex-presidente, que importância têm uma coisa e outra? Com a primeira observação, o advogado pretende negar que seja coisa de luxo — portanto, propriedade compatível com a modéstia alegada de Lula. Se o imóvel não é dele, ser ou não funcionário público ao tempo da reforma é irrelevante.
Batista ainda ironizou o fato de a compra de um barco ser apontada como indício de que Lula e sua família usufruíam do sítio: “Iria colocar o barco onde? Dentro do apartamento, colocar o bote na sala?”.
Claro que não! Bote costuma ser colocado na água. Nunca ninguém estranhou isso, doutor. O que é esquisito é alguém comprar um barco para deixar na propriedade alheia.
Não sei, não… Fiquei com a impressão de que o criminalista está ensaiando os primeiros passos para admitir que apartamento e sítio, afinal de contas, pertencem, sim, à família Lula da Silva.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.