Evo Morales superestimou seus poderes, não visualizou seus limites

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 25/02/2016 11h28
Enzo de Luca / ABI Evo Morales

Na América Latina que fala espanhol, mais uma notícia encorajadora. Na quarta-feira, finalmente veio a confirmação de que os eleitores bolivianos rechaçaram em referendo a audácia do presidente caudilho Evo Morales de querer concorrer a um quarto mandato. Basta.

Entre os dirigentes bolivarianos e aqui, ao lado de Venezuela e menorzinhos como Equador e Nicarágua, coloco a ex-Argentina de Cristina Kirchner, Evo Morales até que é o melhorzinho. Sua gestão econômica é um pouco mais prudente, assim como o desempenho econômico do país. Claro que na comparação com o desgoverno de Nicolás Maduro na Venezuela é fácil ganhar a competição.

Mas, felizmente, como qualquer caudilho, Morales superestimou seus poderes, não visualizou seus limites. E quando o jogo é relativamente limpo, nem o caudilho vence a parada. Foi uma sufoco, mas por uma margem abaixo de três pontos, Morales sofreu sua primeira grande derrota em dez anos de poder e assim não poderá concorrer novamente em 2019.

Pesaram fatores como medo do autoritarismo, uma economia que deixou de ser exuberante com o declínio dos preços de commodities, a destacar gás natural no caso boliviano, e sucessivos escândalos de corrupção, o mais picante sendo o romance do solteirão Morales com uma jovem, com a qual teve um filho, e que trabalha para uma empreiteira chinesa que conseguiu fantásticos contratos de obras públicas.

Que contraste entre hoje e 2009 na América Latina. Há sete anos, o finado Hugo Chávez venceu um referendo para concorrer novamente na Venezuela, o mesmo na Bolívia e na Nicarágua. Agora é uma região ainda desolada, mas com mais controles e resistência aos desmandos, do México ao Brasil. A oposição triunfou na Assembleia Nacional da Venezuela, Mauricio Macri é presidente da Argentina, Rafael Correa não vai concorrer no Equador em 2017. E a notícia promissora esta semana na Bolívia.

E até na Guatemala, sinônimo de república de banana, um presidente acusado de corrupção foi para a prisão. Nenhum tiro disparado. Se as coisas melhoram até na Bolivia e Guatemala, por que não no Brasil?

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