Faixismo de Fernando Haddad se mostra equivocado
Reinaldo, por que você diz que um estudo divulgado sobre transporte público em São Paulo prova que o faixismo do prefeito Fernando Haddad é mesmo equivocado?
Porque ficou claro que, como a gente comentou aqui algumas vezes, carro não é só coisa de rico, como a prefeitura sugere com a sua política destrambelhada de distribuir faixas de ônibus cidade afora sem critério. Caros ouvintes, eu acho que a gente precisa ter memória, é importante. A gente que fala no rádio tem que estar comprometido com os fatos.
No dia 13 de dezembro do ano passado, afirmei aqui na Jovem Pan o seguinte: o governo do PT incentiva a compra de carros. Fez crédito a perder de vista, então enganou o consumidor. Fez com que comprasse carro, para depois esmagá-lo nas ruas e puni-lo.
E o que isso tem a ver com a pesquisa divulgada pela Secretaria Municipal de Transportes Metropolitanos, nesta segunda? Ela demonstra que em cinco anos houve uma redução proporcional no uso do transporte coletivo na cidade, que caiu de 55% em 2007 para 54% em 2012.
E agora o dado aparentemente curioso, mas absolutamente compreensível. A maior queda no uso do transporte público se deu entre os que ganham de 2.488 reais por mês a pouco menos que cinco mil. Nesse grupo, cresceu o uso do transporte individual. Já entre os de maior renda, viu-se o contrário, entre os que ganham acima de nove mil, aumentou em 6% os que recorrem ao transporte público.
Como explicar? É simples, tanto o governo Lula como o governo Dilma recorreram à redução de IPI e à expansão do crédito para compra de carros. Tudo, ouvintes, conforme eu comentava lá naquele 13 de dezembro. Também afirmei aqui na rádio que a Prefeitura de São Paulo gosta de brincar de arrancar rabo de classes, como se só ricos e folgados andassem de carros.
Agora uma pesquisa demonstrando que isso é uma falácia. É claro que não sou contra faixas de ônibus onde elas são necessárias, o que não é aceitável é que se transforme a vida dos motoristas um inferno. Também são um pouco cretinas as críticas que censuram as obras viárias feitas em São Paulo, como a expansão das marginais, por exemplo. Queriam o quê? Que milhares de veículos fossem jogados ano após ano no sistema, sem ampliação das vias?
Aí, sim, a cidade caminharia para o colapso. É claro que a escolha correta, sensata, urbanisticamente prudente, é o incentivo ao transporte coletivo. As medidas nesse sentido, no entanto, não podem estar descoladas da política, inclusive da política econômica. Há, em suma, uma diferença entre política pública e demagogia.
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