Fala de Temer não é golpista; negociar a República num quarto de hotel é!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 12/04/2016 11h22

Vice-presidente Michel Temer (esq.) e Dilma Rousseff

EFE/Fernando Bizerra Jr Vice-presidente Michel Temer (esq.) e Dilma Rousseff - EFE

O vice-presidente da República, Michel Temer, manda mensagem de seu celular a quem quiser. Mesmo antes do vazamento do áudio, já era chamado abertamente de conspirador e golpista pelo Planalto, pelos esquerdistas da Câmara e do Senado e pelos bate-paus do governo na Comissão Especial do Impeachment. E, no entanto, não tem como se defender.

Estão tentando transformar a coisa num grande acontecimento, o que ela não é.

Ricardo Berzoini, secretário de Governo, tenta forçar a mão: “Estou estupefato. Ele está confundindo a apuração de eventual crime de responsabilidade da presidente Dilma com eleição indireta. Está disputando votos e transformou o processo numa eleição indireta para conseguir votos em favor do impeachment. Esse áudio demonstra as características golpistas do vice”.

É mesmo? Antes que eu lembre a Berzoini quem é golpista, quero trazer à memória uma fala de Jaques Wagner sobre o objetivo da distribuição de cargos. Disse o “assessor especial” com todas as letras: “Claro que esta é uma agenda do governo, conquistar votos no Congresso”. Como se nota, o Planalto acha correto leiloar cargos públicos para barrar o impeachment, mas considera “golpista” a gravação de um áudio.

Golpista é usar o Palácio do Planalto para abrigar pessoas que pregam a luta armada na sede do governo federal.

Golpista é um homem investigado alugar um quarto de hotel, como se a República fosse um grande lupanar, para receber parlamentares dispostos a trocar votos por cargos.

Golpista é dizer que a Constituição e a lei são… golpistas.

Golpista é tentar negar que o crime de responsabilidade tenha existido. Aliás, é impressionante! A esta altura, deve haver um farsante ou outro que passaram a acreditar na farsa, de tanto que a repetem.

Golpista é enviar antecipadamente um termo de posse a alguém, como Dilma fez com Lula, para tirá-lo da alçada de Sergio Moro.

Golpista é usar o estado brasileiro como se fosse propriedade privada de um partido e de alguns políticos com o objetivo de impedir o impeachment.

Golpista é ir à Comissão do Impeachment, como fez José Eduardo Cardozo, para afirmar que, se Michel Temer for presidente, não terá legitimidade para governar — e ele sabe que a fonte dessa legitimidade é a Constituição.

Mandar um WhatsApp a aliados? Não! Isso é comum. De resto, Temer tem o direito, se quiser, de fazer o discurso de congratulação pela conquista de Marte.

Eis o PT na sua pureza: transforma em crime o que crime não é para esconder… seus crimes!

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