Fato é que a comunidade é parte refém e parte cúmplice do tráfico

  • Por Rachel Sheherazade/ JP
  • 06/04/2015 11h22
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Terezinha Maria de Jesus Tomaz Silva/Agência Brasil Terezinha Maria de Jesus

Depois dos últimos conflitos no complexo do Alemão no Rio de Janeiro entre traficantes e a polícia… depois do saldo de quatro mortes, entre eles, um garoto de dez anos, moradores saem às ruas da favela em protesto contra a polícia.

Manifestantes liderados por coletivos culturais e associações de moradores gritavam “Fora UPP” e vaiavam os policiais que acompanhavam a manifestação.

No protesto nenhuma palavra de ordem contra a presença e a violência dos traficantes, eles sim o motivo dos constantes combates que transformaram os morros em praça de guerra.

Total inversão de valores: o bem transformado em mal.

Para parte da comunidade, a polícia é uma intrusa. É visita sem convite. É a causa de todos os males da população porque está nos morros para combater o crime.

E os traficantes precisam vender sua cocaína livremente, querem tocar o terror em paz. Policia para que?

Fato é que a comunidade é parte refém e parte cúmplice do tráfico.

Porque o traficante violento e fora da lei é o mesmo que oferece a proteção, que faz a “justiça” na comunidade, e claro, que emprega os aviões, fogueteiros, chefes de boca…

Por medo ou conveniência, o morador da favela não pode ou não quer apoiar a polícia, a ordem, o Estado.

Então, trava-se uma espécie de “guerra civil”: a lei contra o crime. E, claro, não há como enfrentar fuzis com flores nas mãos.

Infelizmente, no meio desse fogo cruzado, entre policia e bandidos, sobram os inocentes.

(Foto do texto: Tomaz Silva/ ABr)

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