A flecha do índio que atingiu o policial militar representa alguma coisa no Brasil

Nêumanne, a flecha do índio que atingiu o policial militar representa alguma coisa no Brasil de hoje?

Olha, no meio do noticiário internacional a respeito da Copa do Mundo, deve estar divertindo muito públicos estrangeiros – principalmente os que não vêm para o Brasil para a Copa -, mas a história da flechada do índio que atingiu um policial militar, nas proximidades do estádio Mané Garrincha, nos protestos contra a Copa na terça-feira, em Brasília.

O governo não tá nem aí. Aliás, eu queria chamar atenção pro fato que, nesta quarta-feira, o Chico Caruso produziu mais uma obra prima genial de seu talento de chargista, na primeira página do Globo, com uma flecha atravessando uma bola. Pois é, este é o símbolo: a flecha atravessando a bola. A flecha atravessando o coração do Brasil que se pretende mais do que é.

Chamo também a sua atenção para a leitura do artigo de Ruth de Aquino na revista Época a respeito dessa mania megalomaníaca do Brasil.

Agora, o Ministro da Justiça, nesta quarta-feira, indagado sobre a flechada, não se referiu à ela e preferiu ficar no genérico, né? “A polícia deve garantir a liberdade de manifestação e deve evitar que pessoas abusem. Quem abusar deverá ser punido”. Você já viu uma coisa mais generalizada do que essa? O cara… Eles ficam falando que os tucanos ficam em cima do muro, mas que tal isso aí? Tem muro maior do que esse? O ministro não está lá para dizer essas platitudes; o ministro está lá para dizer quando e como é preciso intervir numa manifestação para evitar que ela termine em violência, em quebra-quebra. E mais: o ministro devia ter consciência de que uma manifestação, por mais pacífica que seja, se interrompe o trânsito de uma via importante de uma grande cidade, se prejudica o fluxo do trabalhador do trabalho pra casa e vice-versa, impede que ele vá ao hospital, impede que ele vá se divertir, ora essa, isso é uma violência.

Manifestantes, mesmo pacificamente, sem quebrar nada, sem agredir o patrimônio, sem fazer baderna, como define a presidente chefe do ministro, mas impedem o trânsito, a livre-circulação, o direito de ir e vir do cidadão comum, esses manifestantes também tem que ser impedidos de fazer isto. Quando é que esses manipuladores de platitudes vão aprender alguma coisa e comecem a governar em vez de ficar fazendo discurso eleitoral?