Francisco diz que celibato sacerdotal não é dogma

  • Por Jovem Pan
  • 28/05/2014 10h33
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Reinaldo, então o Papa Francisco afirmou que o celibato sacerdotal não é um dogma. Ele falou contra o celibato?

Não, mas deixou claro que isso é só matéria dos homens não de Deus. O papa afirmou o óbvio, o celibato não é um dogma da igreja católica. A questão pode ser debatida sem que se abale as estruturas da instituição.

Os dias de incurso e suas circunstâncias indicam que o celibato é uma escolha desastrada. Boa parte do que se chama escândalo de pedofilia na igreja, vamos deixar claro, pedofilia não é.

Sem querer ser abusado, noto que quando um padre se enrosca com um rapaz de 16, 17 anos, na sacristia, isso não é pedofila, mas só homossexualidade. Deve haver algo em torno de 450 sacerdotes católicos espalhado pelo mundo. Ocorre que se 1% sair por aí fazendo besteira, são 4.500. Imaginem o efeito que isso tem.

A igreja católica não pode ser um armário, a imposição do celibato leva para o sacerdócio, infelizmente, pessoas que tentam esconder a sua sexualidade. Que, não obstante, aflora em razão de circunstâncias particulares da vida religiosa. Basta uma minoria para fazer um estrago danado.

O celibato sacerdotal na igreja católica foi instituído no ano 390. Portanto, a igreja viveu quase quatro séculos sem ele. Na minha bíblia, ouvintes, e na sua também, São Pedro tem sogra. Sei que sou aborrecidamente lógico às vezes, mas é de supo que, se tinha sogra, tinha ou teve mulher.

Está escrito: “E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada e com febre. E tocou-lhe na mão e a febre a deixou. E levantou-se e serviu-os”. Está em Mateus.

Na primeira epístola a Timóteo, ninguém menos que São Paulo recomenda: “Esta é uma palavra fiel, se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio”. Na sequência, São Paulo não deixa a menor dúvida sobre a recomendação que dá aos bispos: “Que governem bem a sua própria casa, tendo seus filhos e a sujeição com toda a modéstia. Porque, se alguém não sabe governar a própria casa, terá cuidado com a igreja de Deus?”.

Não quero ser ligeiro, ouvintes, sei bem que há outras passagens que endossam o celibato. Mas fica claro que se trata de uma questão de escolha, sim, não de fundamento. Trata-se de uma questão puramente histórica, não de revelação.

O celibato pode ter sido útil em tempos bem mais difíceis da igreja. A dedicação exclusiva à vida eclesiástica pode ter feito um grande bem à instituição, mas é evidente que se tornou um malefício, um perigo mesmo, fonte permanente de desmoralização.

A razão é mais do que óbvia. A maioria dos padres, é possível, vive o celibato e leva a sério o seu compromisso. Mas é claro que o sacerdócio também se tornou abrigo de sexualidades alternativas, que não têm a mesma aceitação social do padrão heterossexual. E que se note, também existem desvios de conduta de padres heterossexuais.

Poderá perguntar alguém: Pudesse o padre casar, a igreja estaria absolutamente protegida de um adultério, por exemplo? É claro que não, mas não tenho dúvida de que estaria muito menos cercada de escândalos.

De fato, a obrigação de um sacerdote deveria ser outra, como queria São Paulo. A obrigação deveria ser o casamento, não o contrário.

 

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