Gabrielli não consegue explicar para parlamentares a compra de refinaria

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2014 16h05
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Reinaldo, José Sérgio Gabrielli tentou explicar para os parlamentares petistas a compra da refinaria de Pasadena, ele conseguiu?

Conseguiu foi se enrolar um pouco mais. Gabrielli, em cuja gestão se plantaram as sementes da atual ruína da empresa, rompeu nesta terça-feira seu silêncio e foi dar uma aulinha à bancada do PT na escolinha do professor Raimundo da Petrobras.

Ele vem se negando a falar com a imprensa, o objetivo da intervenção é claro e se ancora em três pontos: livrar a cara de Dilma, confirmando a versão da presidente de que ela de fato não dispunha de todos os dados, leiam-se as cláusulas Marlim e Put Option. Lembrar que o conselho tinha representantes da iniciativa privada, que também endossaram o negócio. Defender a operação como tecnicamente viável e justificável para a época. Depois, afirmou ele, não se mostrou um bom negócio.

Para que lida com a lógica, a fala de Gabrielli foi uma confissão de culpa e uma contradição nos próprios termos. Explico com os pés nas costas. Gabrielli afirma que Dilma, com efeito, não dispunha de todos os dados, certo? Mas ele, Gabrielli, os tinha na ponta da língua. Porque os omitiu do conselho?

Notem que movimento curioso desse senhor. Ao afirmar que Dilma não sabia de tudo tenta livrar a cara dela. Ao evocar os conselheiros oriundos do setor privado, tenta dividir com eles as responsabilidades. Ora, por óbvio eles sabiam ainda menos do que Dilma, certo?

Gabrielli ainda tentou justificar com uma matemática perturbada o preço escandaloso para a refinaria. Nota, mesmo falando aos petistas suas explicações foram dadas naquele tom agressivo e arrogante de sempre, como se estivesse ali prestando um grande favor. Nem parecia o planejador da grande ruína da Petrobras.

E cumpre não esquecer, o site Wikileaks vazou telegramas confidenciais à diplomacia americana que dão conta de que o governo dos Estados Unidos enviou missões ao Brasil para tratar, ora vejam, da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.

Um dos telegramas é explícito já desde o título: “A aquisição da Petrobras da Pasadena Refine System”. Ele relata encontros havidos entre enviados da Casa Branca e representantes do governo brasileiro, inclusive sim, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Esse telegrama é de 12 de Junho, nessa data, metade da porcaria já estava feita. Não se esqueçam de que a compra de 50% da refinaria foi efetiva em Fevereiro de 2006. Afinal, em 2005 a Petrobras já havia demonstrado interesse na aquisição de 70% da sucata, oferecendo nada menos de 332,5 milhões de dólares nessa fatia. Naquele mesmo ano os belgas haviam adquirido 100% do empreendimento por meros 42,5 milhões de dólares.

A proposta foi recusada. Em Dezembro a direção da Petrobras mandou bala, propôs 359 milhões de dólares por apenas 50% da refinaria. Ponderando tudo, no prazo de alguns meses, a estatal brasileira elevou a sua oferta em 50%.

A vinda desse telegrama à luz evidencia mais uma vez que Dilma sempre soube mais do que disse. Desde que estourou o escândalo ela tenta se esconder no relatório de Nestor Cerveró, que de fato omitiu as cláusulas problemáticas do contrato. A Marlim, por intermédio da qual a Petrobras garante à Astra Oil uma rentabilidade de 6,9% ao ano, independentemente das condições de mercado, e a Put Option, que impunha á empresa brasileira a compra de 1005 da refinaria em caso de desavença entre os sócios.

Alguém acredita que Dilma manteve reuniões com representantes da Casa Branca, em Junho de 2006, sem conhecer plenamente as condições do contrato entre a Petrobras e a Astra Oil? Quanto mais eles tentam se explicar, mais se enrolam.

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