Gilberto Carvalho erra até quando está certo

  • Por Jovem Pan
  • 11/06/2014 12h12
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Reinaldo, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, andou falando sobre a greve dos metroviários, o que você achou?

Achei que ele é um homem tão errado, mas tão errado, que erra até quando está certo. Por que digo isso? Vamos ver.

O secretário-geral da Presidência afirmou nesta terça que a greve dos metroviários de São Paulo é “calamitosa”. É mesmo, ministro? Também acho! Ocorre, meu senhor, que a central sindical do seu partido, a CUT, decidiu dar apoio integral a essa ação, então calamitosa, donde se conclui que o petismo é irmão da calamidade.

Vamos à fala completa do ministro: “O governo espera que a greve não seja retomada e que haja entendimento. É uma greve calamitosa não só para a Copa, mas para cidade de São Paulo e para seus moradores”.

O irmão da calamidade, então, em vez de condenar os “companheiros” metroviários por desrespeitarem a lei; por deixarem milhões de trabalhadores sem transporte; por ignorarem decisão judicial que ordenava o pleno funcionamento do serviço nos horários de pico; por terem mantido a paralisação mesmo depois de ela ter sido considerada ilegal; por abusarem de métodos violentos que constrangeram outros trabalhadores do Metrô e passageiros; por colocarem em risco – e, sim, trata-se disto também – a segurança dos paulistanos; por transformarem num inferno a vida de gente que estuda e trabalha… Em vez disso, o ministro silencia sobre a violência óbvia do movimento grevista e fala em “entendimento”.

Ora, só pode haver entendimento entre partes legítimas que estão negociando. A reivindicação dos metroviários se deslegitimou quando deixou de reconhecer uma decisão da Justiça. Já era de legitimidade duvidosa antes mesmo de sua escancarada ilegalidade, quando estava claro que a categoria recebera do governo de São Paulo benefícios muito acima da inflação, a começar do reajuste salarial.

Entre várias falas possíveis para o senhor secretário-geral da Presidência, só uma era decente, só uma era digna, só uma era razoável: censurar severamente o movimento, as ações violentas, o sofrimento a que foi submetida a população, exaltando a firmeza e a correção do governo de São Paulo e a presteza da Polícia Militar, que foi à rua garantir direitos constitucionais que os grevistas estavam solapando. Mas quê.

O ministro falou também sobre o risco de ações violentas: “Teremos problema, sim, se houver tentativa de manifestações violentas para impedir o direito de outras pessoas de celebrar a Copa. Para isso, as forças de segurança serão acionadas”.

É mais uma fala certa que revela como esse ministro pode ser errado. E vou explicar por quê. Por inspiração de Carvalho, com a concordância de Dilma, é claro, o governo federal recebeu com tapete vermelho movimentos violentos como o MST e o MTST. Ou por outra: na prática, o governo federal estimula a violência, a exemplo do que faz quando celebra um acordo absurdo com o autoproclamado Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

De resto, Carvalho diz que as forças de segurança “serão acionadas” para garantir “o direito de outras pessoas de celebrar a Copa…” Pois é. Não há dúvida de que a Polícia Militar de São Paulo cumprirá a sua função – aquela mesma polícia que vive sendo demonizada pelo petismo, muito especialmente pelo ministro Gilberto Carvalho. E encerro lembrando que os brasileiros precisam ter assegurado o seu direito de ir e vir não apenas na Copa, não é mesmo?

Ah, sim: depois da solenidade, Carvalho rumaria para o Congresso para tentar negociar a aceitação do decreto bolivariano de Dilma. Um decreto, claro!, inspirado por Carvalho e que confere poderes especiais à pasta de Carvalho.

 

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