Gilberto Carvalho pode continuar no governo Dilma; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2014 12h09

Reinaldo, então há o risco de Gilberto Carvalho continuar no governo Dilma?

Sim, há sim. Brasil corre o risco de continuar a contar com os préstimos imprestáveis de Gilberto Carvalho no serviço público – um risco adicional, note-se, para a estabilidade do próprio governo. Dilma Rousseff já decidiu apeá-lo da Secretaria-Geral da Presidência. Vai mandar para o lugar Miguel Rossetto, atual ministro do Desenvolvimento Agrário. Carvalho, acreditem, é agora cotado para assumir a presidência da Funai. Se assim for, Dilma pode se preparar para o incêndio.

A Secretaria-Geral da Presidência é o órgão encarregado de “dialogar” com os ditos movimentos sociais. Dilma largou nas mãos de Carvalho a tarefa de comandar a questão indígena, e o que já era difícil se tornou explosivo. O braço-direito de Carvalho na empreitada é Paulo Máldos, secretário nacional de Articulação Social. É ele quem faz o “diálogo” com os índios.

Foi Carvalho quem indicou, por exemplo, em abril de 2012 Marta Maria do Amaral Azevedo para a presidência da Funai, onde ela ficou até junho de 2013, no período mais conturbado da fundação. E quem é Marta Maria? Ex-mulher de Paulo Maldos. Como vocês podem notar, trata-se de uma verdadeira tribo.

Como já disse aqui, Máldos foi o coordenador-geral do grupo de trabalho criado pelo governo federal para promover a desocupação de uma região chamada Marãiwatséde, em Mato Grosso. Na área, havia uma fazenda chamada Suiá-Missú, que abrigava, atenção, um povoado chamado Posto da Mata, distrito de São Félix do Araguaia. Moravam lá 4 mil pessoas. O povoado foi destruído. Nada ficou de pé, exceto uma igreja – o “católico” Gilberto Carvalho é um homem respeitoso.

Nem mesmo deixaram, então, as benfeitorias para os xavantes, que já são índios aculturados. Uma escola que atendia a 600 crianças também foi demolida. Quem se encarregou da destruição? A Força Nacional de Segurança. Carvalho e Máldos foram, depois, para a região para comemorar o feito.

Dilma fará mesmo essa loucura? Não sei. No partido, Carvalho é que é o chefe dela, não o contrário. E ele não faz questão nenhuma de esconder tal condição. Ou não concedeu uma entrevista, há algum tempo, puxando a orelha da presidente por sua suposta falta de diálogo com os movimentos sociais?

Na sexta, numa entrevista, Carvalho disse coisas espantosas. Sobre a possível nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, afirmou: “De 2003 até agora, quem ocupou o Ministério da Agricultura não tem nenhum perfil de progressista. É um ministério cuja função, quase que culturalmente, está voltada para um representante do setor do agronegócio. O que nos interessa é o que vai ser no Ministério do Desenvolvimento Agrário, no Ministério do Desenvolvimento Social”.

Eis aí. Em 2013, o agronegócio salvou bem mais do que a lavoura: o setor gerou um superávit de US$ 82,91 bilhões ― para comparação: o déficit da indústria foi de US$ 105 bilhões. Mas Carvalho acredita que o setor não é “progressista” e diz que o que realmente interessa são o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério do Desenvolvimento Social.

Na quarta, Carvalho já havia surpreendido muita gente ao afirmar que Joaquim Levy, o futuro ministro da Fazenda, aderira, vamos dizer, à metafísica petista. É claro que é mentira. Na sexta, ele voltou ao assunto com mais uma declaração espantosa:

“Tem que ser uma coisa muito clara isso: quem governa é a presidenta, não é o ministro. O ministro não tem autonomia para fazer uma política própria. Ele faz uma política dirigida pela presidenta, discutida com a presidenta e resolvida pela presidenta”.

Não me diga! Então chegamos à fase em que é preciso deixar claro que é a presidente quem está no comando? Quando isso se faz necessário, eis um sinal de que aquele que governa já não comanda.

 

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