Gim Argello retira candidatura para vaga no TCU

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2014 10h36

Gim Argello fala de denúncias que recebeu em vídeo no qual dizia que seria indicado ao TCU

Reprodução Gim Argello fala em vídeo do TCU

Reinaldo, ainda ontem você comentou aqui que o senador Gim Argello, do PTB de Brasília, não tinha a menor condição de ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União. Parece que até ele acha, ontem ele retirou a sua candidatura.

Retirou sim, melhor para o TCU, para o Brasil e para a moralidade pública. Argello era uma cisma, uma obsessão de Dilma Rousseff, a nossa soberana. Ela queria por que queria o homem no Tribunal de Contas da União. Ocorre que uma das exigências é que o candidato tenha a tal reputação ilibada, limpa.

Vá lá que um ou outro lá no TCU deixem a gente com a pulga atrás da orelha, mas nunca houve outro candidato como Gim Argello. Além de haver nada menos de seis investigações no STF, em que ele figura como investigado, como eu lembrei aqui ontem, parece que o amigão presidencial não tem muito apreço pelos fatos.

Na sexta-feira passada, dia 04, ele recebeu em seu gabinete auditores do TCU que foram lá abordar justamente as resistências a seu nome. Encontrou-se, entre outros,  com Leonel Munhoz, presidente da Auditar, que é a união dos auditores federais do controle externo. Há um vídeo sobre o encontro que está no site da Jovem Pan.

Argello diz aos interlocutores que nunca havia sido condenado por nada. Errado, ele já condenado em primeira e segunda instâncias por irregularidades havidas no tempo em que presidia a Câmara Legislativa do Distrito Federal. Foi peremptório: “Nunca fui condenado em absolutamente nada. Precisa ter tranquilidade presidente, não tem nenhuma condenação. Tenho certeza de que vou ganhar”.

Ele sabia das condenações? Claro que sim, por isso mesmo recorreu ao Superior Tribunal de Justiça em 2012. O senador asseguro ao interlocutor ter uma certidão negativa do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ocorre que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal informa que tais certidões não incluem as condenações em fase de recurso.

Digamos que o candidato a um Tribunal de Contas, que é um órgão de auditoria, resolveu, como posso dizer, negociar com a verdade?  É uma piada macabra. Com a condenação em segunda instância, Gim não pode nem mesmo se candidatar por causa da lei da ficha limpa. É bom lembrar que ele chegou ao Senado sem voto, era suplente de Joaquim Roriz, que teve de renunciar em Julho de 2007 para não ser cassado. Bem rapidinho, passou a integrar o grupo dos preferidos da soberana Dilma, quando ainda era ministro.

Antes de renunciar, Augusto Nades, presidente do TCU, comentou: “A condenação complica muito a situação dele em termo de assumir um cargo no Tribunal. Porque tem a questão da idoneidade que fica comprometida”. A Auditar já havia até apresentado requerimento ao Senado pedindo a suspensão do processo de indicação de Argello.

Era muito topete de Dilma Rousseff indicar para o TCU alguém que não pode nem mesmo se eleger parlamentar porque é um ficha suja. O Plenário do Senado teria de aprovar o seu nome. Imaginem o vexame se a Casa endossa a indicação de alguém que não poderia nem mesmo fazer parte daquele clube. O senador não resistiu e retirou a sua candidatura.

Ora, porque Dilma não nomeia Gim Argello para seu ministro? Como se sabe, para esse cargo não é preciso ter ilibada reputação.

 

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