Governo brasileiro incentiva imigração ilegal
Reinaldo, por que afirmar que o governo brasileiro acaba estimulando o tráfico de pessoas? Isso não é um exagero, não?
É do balacobaco. Quando o governo do Acre começou a mandar para São Paulo os haitianos que chegavam àquele estado, acusei obviamente a irresponsabilidade do governador Tião Viana, do PT. E tentei ouvir no programa Os Pingos nos Is, aqui na Jovem Pan, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Ele preferiu não falar ao vivo e mandou uma nota, em que afirmou, entre outras coisas, o seguinte, prestem atenção: “Durante os últimos três anos o Ministério da Justiça, por meio da resolução normativa, editada pelo Conselho Nacional de Imigração, concede vistos de permanência de caráter humanitário e promove ações de apoio aos haitianos que chegam ao país. O Brasil não tem tradição de deportação em massa. Para recepção dos imigrantes em situação de vulnerabilidade, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome está ampliando a mais de cinco mil vagas a capacidade dos serviços de acolhimento em diversos estados e municípios em todo o país”.
Muito bem. Ponderei então que o visto dito humanitário, como estava sendo fornecido pelo Brasil, era uma desumanidade que estava estimulando a indústria da imigração. Respondi ainda que não se estava cobrando deportação em massa coisa nenhuma e de ninguém. O que se pedia era que o governo brasileiro parasse de estimular a imigração ilegal.
Mas que, os petistas até se orgulhavam, não é? O assunto virou tema de redação do Enem de 2012. Os estudantes eram convidados a exaltar as glórias de um país, o Brasil, que estaria atraindo imigrantes em razão de sua pujância econômica.
Muito bem. Reportagem da Folha desta terça prova por A+B que “coiotes” estão promovendo o tráfico de haitianos do Peru para o Brasil. “Coiotes”, como vocês devem saber, são pessoas que se especializam em organizar a imigração ilegal. É uma gente perigosa.
O tráfico já começa no Haiti ou na República Dominicana. Dali os imigrantes vão para Quito, no Equador. Tem início então a jornada terrestre até o Acre. Para tanto é preciso atravessar o Peru, e é praticamente impossível fazê-lo sem se submeter aos “coiotes”. Na cidade peruana de Puerto Maldonado, por exemplo, haitianos e africanos são mantidos em albergues pelos “coiotes”, em regime de cárcere privado. Com a porta dos quartos trancada pelo lado de fora. A polícia do país é conivente e recebe parte do dinheiro.
Heis o que resultou a dita ação humanitária do governo brasileiro. Na prática, a irresponsabilidade gerou no Haiti, na República Dominicana, no Equador, no Peru e em parte da Bolívia, o mercado de tráfico de gente.
A polícia federal brasileira nada pode fazer porque, obviamente, não pode atuar em solo peruano. Quando a gente tenta saber porque o Planalto mantém a política de estímulo à imigração ilegal, é obrigado a ouvir que o governo é contra deportações em massa, como se alguém estivesse cobrando tal prática do ministro da Justiça. Mais uma contribuição de José Eduardo Cardozo, o garboso, à civilização.
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