Governo parte para retaliação e terrorismo para impedir CPI

  • Por Jovem Pan
  • 28/03/2014 11h21

Reinaldo, quer dizer que o governo decidiu partir para a “canelada” para impedir a CPI da Petrobras?

Pois é, a tática agora é partir para a retaliação e o terrorismo. Os porta-vozes das ameaças são o deputado Vicentino, do PT de São Paulo, e a senadora Gleise Hoffman, do PT do Paraná, que lembro no estilo, não na forma, os piores tempos de Ideli Salvati.

Depois de uma reunião no Palácio do Planalto, o habitualmente moderado e cordato Vicentino não teve dúvida. Anunciou que se é para fazer a CPI da Petrobras, então o PT tentará incluir no requerimento a investigação do suposto cartel de trens de São Paulo, da Cemig em Minas e do porto de Suape em Pernambuco. O objetivo, tentar atingir o PSDB e os presidenciáveis: Aécio Neves e Eduardo Campos.

Alguém quis saber o que se deve investigar em Suape, por exemplo. E o deputado petista não poderia ter sido mais eloquente: “Eu ainda não sei”. É espantoso. Vicentino, formado em direito, pertence àquela escola que acha que se deve abrir uma investigação para achar alguma coisa, desde que seja contra o inimigo. O nome disso, lamento dizer, é pistolagem política.

O deputado disse que a ideia saltou da sua cabeça. É obviamente mentira, ele a teve depois de uma reunião com o Palácio do Planalto. Tanto que num outro canto, Gleise Hoffman não escondia a intenção de recorrer a um truque dos mais asquerosos. Os que os trens de São Paulo têm a ver com o porto de Pernambuco e com a Cemig?

Resposta óbvia: nada. E Gleise já sabe disso, mas ela explicou a malandragem. Disse que poderia alegar prejuízo de recursos federais. Bem, se é assim, porque não incluir então os descalabros da Copa do Mundo, senadora? O governo pode querer fazer CPIs sobre os sistemas todos? Pode, mas terá que apresentar um requerimento específico. A pergunta óbvia é porque não fez isso antes. O que vai embutido nessa forma de fazer política?

Tomemos o caso de Pernambuco. Se Eduardo Campos estivesse, mais uma vez, fechado com a candidatura do PT, é evidente que os petistas não ameaçariam investigar o porto de Suape. Moral da história da companheirada: os inimigos a gente investiga e persegue, os amigos a gente preserva.

Quanto aos trens de São Paulo, dizer o que? Duvido que uma CPI possa ser mais coletizada do que já tem sido o Cade, por exemplo, sobre a gestão petista. Como se dissesse a coisa mais óbvia do mundo, Gleise, que é pré-candidata do PT ao governo do Paraná, disfarça o cinismo com o seu ar severo e, admito, belo: “eles estão politizando, aproveitando o momento eleitoral. Tem de ter coerência. Se eu sugiro investigação política para algo que já tem investigações técnicas, como é o caso da Petrobras, porque fazer só para um tema e não para o outro?”

A resposta é simples senadora: uma CPI não é um instrumento de chantagem. Se a senhora achava que era o caso de fazer uma ou mais Comissões de Investigação, tinha como articulá-las como chefe da Casa Civil. Indecente é que vem agora com ameaças para impedir que uma comissão do Parlamento investigue a Petrobras.

Ademais, pergunto à ex-ministra Gleise Hoffman se ela aceita incluir no relatório os contratos da Siemens com a Eletrobras, por exemplo. Já que a empresa é uma das maiores fornecedoras da estatal. Será que no setor elétrico suas práticas eram muito distintas? Escolhido o seu método, onde houver dinheiro federal cabe uma investigação.

E arremato assim. Digamos que a oposição recuasse diante das ameaças de Gleise e de Vicentino, aí o PT certamente ficaria contente. Afinal, seria como se todos eles se abraçassem confessando que estão todos juntos numa penca de falcatruas contra o povo. Essa é a moral profunda de sua ameaça, senhora Gleise Hoffman.

 

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