A guerra civil republicana: o conflito no partido com a ascensão de Trump

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 03/03/2016 11h30
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EFE Donald Trump (EFE)

Com sua ascensão fulminante e improvável nas primárias presidenciais republicanas, Donald Trump é um personagem histórico, e não meramente um personagem ao estilo de reality-show. E dos motivos de sua relevância histórica é o potencial para simplesmente levar a um ponto de ruptura um dos dois grandes partidos americanos.

É incrível a cena de um bilionário da Quinta Avenida, em Nova York, impulsionar uma revolta populista com nebulosas conotações de direita e de esquerda. E eu insisto que existem componentes fascistóides em Trump, o bully narcisista.

E não há dúvida que o truculento Trump, que abusa do rótulo politicamente incorreto, está apunhalando as elites tradicionais do Partido Republicano, ampliando a distância entre elas e uma base inquieta e enfurecida, que canaliza sua frustração contra o que está aí e grande parte desta frustração é direcionada contra esta elite que prometeu demais ao demonizar o presidente Barack Obama e os democratas e, no entanto, não tem como concretizar as promessas.

A cada vitória de Trump nas primárias, ele racha ainda mais o Partido Republicano. Sua base de seguidores está em transe, enquanto setores do partido estão atarantados como o que fazer, como deter Trump, como reagir caso ele se consolide, como tudo indica, candidato republicano contra a democrata Hillary Clinton em novembro?

Trump é farsante e mentiroso, mas fala algumas verdades. De fato, ele expandiu a base republicana com sua postura populista e pelo menos nesta fase do ciclo eleitoral esta base está mais animada do que a dos democratas. Mas o resto, o imenso indigesto resto, não dá para engolir. Os insultos infanto-juvenis disparados por Trump mascaram sua falta de conhecimento sobre como governar. Trump, como eu já disse, não tem um programa de governo, ele tem uma atiitude.

Para o comando do Partido Republicano, aproxima-se a hora da verdade. De um lado pode se curvar a Trump no lance arriscadíssimo de tentar ganhar a eleição de novembro, abrindo mão de genuínos princípios conservadores, ou descartá-lo, ao risco de romper com a própria base partidária.

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