Guerra santa pode estar só começando

  • Por Caio Blinder
  • 05/07/2016 09h49
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Vídeo mostra reféns sendo mortos a tiros por membros do EI

Reprodução/ Twitter/ SITE Intel Group Estado Islâmico

 Os piores temores se confirmam. De uma semana para cá, o grupo terrorista Estado Islâmico realizou atentados devastadores em Istambul, Dhaka e Bagdá. A onda medonha mostra que, enquanto perde território no Siraque (Síria + Iraque), o grupo ganha terreno com ataques em escala global.

O Estado Islâmico se mostrou capaz de conquistar áreas  e proclamar o tal do califado. Agora, se mostra igualmente apto a lançar ataques tão sofisticados como o movimento jihadista rival, a rede Al-Qaeda, da qual é uma mutação. A rede de Osama Bin-Laden nunca manteve um território, embora tenha santuários (o mais importante deles foi no Afeganistão até a invasão liderada pelos EUA em 2001).

Hábil no seu impacto midiático, o grupo jihadista ofuscou a vitória de forças governamentais iraquianas com a retomada da cidade de Fallujah, no mês passado, através dos holofotes voltados para a carnificina praticada, em Bagdá, na madrugada de domingo passado (3), que deixou mais de 165 mortos.

Com as inevitáveis perdas de terreno para forças militares tradicionais na Síria e no Iraque, o grupo acelera os ataques globais, tirando proveito de militantes do mundo inteiro treinados no Siraque.

Existe a aceitação implícita pelo Estado Islâmico de que não se conseguirá manter o tal do califado no Oriente Médio e, assim, sua guerra reverterá para a insurgência guerrilheira, além de incrementar o terror global. Existe a conclamação do movimento para que seus militantes e simpatizantes lancem ataques onde e como for possível.

O chamado deve ser recebido com fatalismo, pois a organização tem células em várias partes do mundo. Ademais, recebe a adesão de jihadistas díspares e dos chamados “lobos solitários”.

É verdade que uma grande atração do Estado Islâmico é ter um Estado, uma espécie de destino para jovens, uma Terrorlândia. Andrew Liepman, analista do centro Rand, adverte que, mesmo com a perda de território, o Estado Islâmico terá milhares de militantes dispostos ao martírio em todas as partes do mundo.

Liepman observa que será uma luta por uma geração combater uma combinação de extremistas que retornam a seus países de origem e gente radicalizada dentro de casa. Liepman sabe das coisas, mas será que não está sendo otimista? Apenas uma geração?
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