Há limites para a indecência de Donald Trump?

  • Por Caio Blinder
  • 02/08/2016 09h52
EFE Khizier Khan

 Qual é o limite para a indecência de Donald Trump? Continua o espetáculo de horrores com o candidato do Partido Republicano desonrando todos e tudo à sua frente. 

Agora é Trump contra o casal Khan (muçulmano de origem paquistanesa), cujo filho morreu heroicamente na Guerra do Iraque e cuja aparição na convençao democrata se tornou a sensação inesperada desta bizarra temporada eleitoral. 

Khizr Khan perguntou qual sacrifício Trump fizera pelo país?  Sempre narcisista, ele disse que com seu trabalho. Como se isto pudesse ser comparado ao sacrifício supremo de morrer em combate pela pátria.

Sim, Trump carece de compasso moral, mas qual é o limite? Eu achei que já seria no começo de sua campanha, quando ele disse que o senador John McCain, preso e torturado por cinco anos na Guerra do Vietnã, não era heroi no critério daquele que se evadiu do combate, como tantos filhinhos de papai.

Na segunda-feira, McCain, que, na minha opinião, deveria ter sido suficientemente heroico para renegar Trump, alvejou o candidato, ficando do lado da família Khan. McCain, em campanha de reeleição no estado do Arizona, mantém o endosso a Trump, mas diz que isto não dá licença ao candidato para apelar a difamações.

O comando republicano também fica no esquema meia-bomba de condenar as declarações de Trump sem renegá-lo como candidato.

No entanto, Trump foi adiante. Será que o muro para barrar sua indecência será o casal Khan? Em 1954, outro bully, o senador Joe McCarthy buscava comunistas em todas as partes. Numa CPI no Congresso sobre suposta infiltração comunista nas Forças Armadas, o país decente disse não através do advogado do Exército, Joseph Welch.

Ele neutralizava as acusações alopradas de McCarthy, uma atrás da outra. Enfurecido e agitado (ao estilo Trump), em 9 de junho de 1954, McCarthy acusou um jovem assistente de Welch de vínculos com o comunismo.

Assombrado, tentando manter a compostura, Welch disparou contra McCarthy, em uma das frases memoráveis da história americana:”O senhor não tem nenhum senso de decência?”.

As galerias irromperam em aplausos. Uma semana mais tarde, o senador encerrou a CPI. Exposto como um bully leviano e perigoso, ele foi oficialmente censurado pelo Senado. McCarthy descambou para o alcoolismo e morreu em 1957.

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