Há mesmo senadores que estão mudando de ideia e flertando com volta de Dilma?

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 02/06/2016 11h05
BRA100. BRASILIA (BRASIL), 30/05/2014.- La presidenta suspendida de Brasil, Dilma Rousseff, participa hoy, domingo 30 de mayo de 2016, en la presentación de un libro que aborda el proceso de destitución que enfrenta la mandataria, titulado "La Resistencia al Golpe de 2016", en la universidad de Brasilia (Brasil). Rousseff acusó hoy al Gobierno del mandatario interino, Michel Temer, de tratar con superioridad a los países suramericanos mientras que le habla "fino" a Estados Unidos. EFE/Cadu Gomes EFE/Cadu Gomes Presidente afastada Dilma Rousseff

Leio na Folha uma reportagem cujo título é este: “Crises do governo Temer fazem senadores reavaliarem impeachment”. O diapasão do texto é outro. Há parlamentares expressando preocupação com tropeços do governo. Ninguém está declarando mudança de voto. Até porque votação em favor do impeachment não houve. O que se teve foi apenas a admissibilidade do processo. Convenham: ninguém esperava aqueles 55 votos.

Não há nenhuma novidade em afirmar que o risco existe: afinal, para que Dilma vá cantar em outra freguesia, são necessários 54 votos. A Afastada, a rigor, pode até não ter nenhum. Se 53 escolherem o impeachment, a petista reassume a Presidência.

Todos vimos os números da economia nesta quarta-feira. Sabemos o tamanho do desastre que Dilma produziu e, dadas as suas entrevistas, coisa bem pior se poderia esperar caso recuperasse o trono. Ela já se disse contrária ao corte de gastos, defendeu a criação de um novo imposto e flertou com o controle da imprensa. Imaginem qual seria a reação do mercado — inclusive dos investidores externos — se aquela senhora voltasse ao poder.

A reportagem da Folha, no entanto, cuida menos de um eventual retorno de Dilma do que da possibilidade de uma nova eleição. Nesta quinta, começa a tramitar no Senado PEC do ex-petista Walter Pinheiro (sem partido-BA) que prevê a realização de um plebiscito em outubro para saber se a população quer nova eleição. Se o resultado fosse favorável, o TSE convocaria o pleito em 30 dias.

Ocorre que a PEC é escandalosamente inconstitucional. Fere o Inciso II do Parágrafo 4º do Artigo 60 da Constituição, que veta a apresentação de emenda que mude a periodicidade da eleição. Mas não só isso: tratar-se-ia da cassação do mandato de Michel Temer. Sob qual pretexto? Isso, sim, seria um golpe parlamentar.

A única possibilidade de haver eleição é, dado o impeachment de Dilma, haver a renúncia de Temer, mas não consta, nas circunstâncias de agora, que ele a tanto esteja disposto. Aliás, tomara que não!

Irresponsabilidade
Walter Pinheiro diz ter saído do PT, mas o PT não saiu de Walter Pinheiro, que está se licenciando do Senado para assumir uma secretaria no governo petista da Bahia. A proposta, ainda que constitucional fosse, é de uma impressionante irresponsabilidade.

Vejam o corte de gastos que o governo terá de fazer para tentar tirar o país do buraco. Imaginem a disposição que teriam os candidatos para, numa disputa eleitoral, pedir alguns sacrifícios à população. Mais: à direita e à esquerda, os ânimos estão exacerbados. Assistiríamos a uma espécie de campeonato de estupidez.

A proposta de novas eleições é tão aloprada quanto a que flerta com o retorno de Dilma.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.