Haddad não cumpre com o que prometeu na educação

  • Por Jovem Pan
  • 08/12/2014 12h33

Reinaldo, então o prefeito Fernando Haddad não está cumprindo o que prometeu também na educação?

É, não está. A gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), é uma piada. Tão sem graça como a propaganda oficial, que vi ontem à noite na TV, com um monte de atores andando de bicicleta nas ciclofaixas. Eis aí: as de verdade – essas que vemos nas ruas, com aquele vermelho-amarronzado já todo descascado, em meio à buraqueira – são desertos de bom senso que cortam a cidade, conduzindo ninguém do nada para lugar nenhum, enquanto motoristas são espremidos nas ruas, e proprietários veem desvalorizar seus imóveis. Só há um lugar em que ciclistas efetivamente usam a estrovenga inútil: na propaganda.

É isto. Existe um Fenando Haddad para consumo publicitário, que conta com a enorme boa vontade de amplos setores da imprensa, e existe a gestão de verdade. A distância é imensa. O mais recente estelionato político se dá na educação. Vamos ver.

Reportagem desta segunda, da Folha, informa que “os estudantes das escolas municipais de São Paulo serão aprovados de série mesmo que tenham nota vermelha em todos os bimestres”. A afirmação é do secretário de Educação, Cesar Callegari.

Lembra ainda a reportagem: “Na prefeitura, uma das principais medidas adotadas por Fernando Haddad na educação foi aumentar o total de séries em que o aluno pode ser retido. Até então, a reprovação poderia ser feita apenas em duas das nove séries, no sistema chamado de ciclos. Passou a ser em cinco séries, a partir deste ano letivo”. Nem vou entrar agora no mérito da polêmica aprovação automática. Há argumentos razoáveis contra e a favor, e deixarei isso para outro post.

O estelionato é que é inaceitável. Haddad foi eleito prometendo mais rigor no sistema de promoção dos alunos, fazendo da possibilidade maior de reprovação uma bandeira. Só para que o ouvinte tenha tudo muito claro: quem introduziu a chamada promoção automática no país foi a Prefeitura de São Paulo, na gestão da então petista Luíza Erundina, quando Paulo Freire era o secretário de Educação, cercado por aquela reverência burra que tão bem caracterizava a sua atuação. Dali saltou para o Estado e para quase todo o país.

Embora a “inovação” tenha as digitais do PT, Aloizio Mercadante fez do ataque à promoção continuada uma de suas bandeiras na disputa pelo governo de São Paulo, em 2010. Haddad recorreu ao mesmo expediente em 2012. E, como se vê, sua gestão aplica agora o contrário do que prometeu. Sabem por quê? Porque a reprovação de alunos custa mais caro, requer mais prédios, mais salas de aula, mais professores, trabalho de reforço etc. Haddad prometeu, também na educação, o que não podia entregar.

Informa a reportagem: “Uma professora que leciona na zona norte disse, sob condição de anonimato, que as reuniões no começo deste ano com os dirigentes indicavam que haveria liberdade para reprovar alunos. Agora, porém, a recomendação é que se reprove menos de 10% das classes, independentemente da situação dos estudantes”.

Será que eu quero reprovação em massa? Eu não. Só cobro do prefeito que tenha um mínimo de compromisso com a propaganda que fez.

 

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.