A histeria do Ocidente é munição para o Estado Islâmico

Donald Trump quer transmissão do Miss Universo

Donald Trump quer transmissão do Miss Universo

Nunca é demais lembrar que a insanidade suprema como a do movimento terrorista Estado Islâmico, tem sua própria lógica. Os jihadistas ensandecidos matam de forma indiscriminada, degolam e escravizam, mas querem se posicionar como protetores do islã e de seus seguidores.

Com os ataques mais recentes em Paris e na Califórnia, o grupo quer gerar indignação e quer provocar o Ocidente. No seu delírio, espera jogar a população de países ocidentais contra suas minorias muçulmanas ou contra o islã em geral, em um choque de civilizações.

Eu repito que um personagem como Donald Trump, candidato nas primárias presidenciais republicanas, é um agente de recrutamento do Estado Islâmico com seu discurso.

Especialistas alertam contra a demagogia de líderes ocidentais e também contra o pânico na Europa e nos Estados Unidos. Advertem que o terror islâmico prospera com a polarização. A fundação do seu sucesso é o ódio mútuo.

Na verdade, o Estado Islâmico revelou sua estratégia na sua revista Dabiq. O texto divulgado este ano diz que o objetivo é a extinção de uma zona cinzenta, que permite a coexistência entre muçulmanos e não muçulmanos no Ocidente. A rigor, foi o mesmo lance da rede Al Qaeda, com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Ironicamente, George W Bush errou ao invadir o Iraque, mas acertou quando não caiu na armadilha. Seis dias depois do ataque às torres gêmeas em Nova York, ele visitou uma mesquita em Washington e proclamou que a face do terror não era a verdadeira face do islã.

A reação hoje no Ocidente é diferente. Existe até mais pânico do que em 2001, apesar da maior magnitude dos ataques naquele anos. E o discurso islamofóbico não está confinado a extremistas.

Não é difícil prever que caso o Estado Islâmico tenha sucesso em novos ataques terroristas no Ocidente, a polarização irá se intensificar. A histeria de um lado é munição para o outro.