Homens brancos furiosos são uma ameaça ao Ocidente

  • Por Caio Blinder
  • 28/06/2016 10h45
EFE Nigel Farage

 Angry white men. Espero que os ouvintes não fiquem furiosos comigo por começar um boletim em inglês e não em português. Bem, vou traduzir: homens brancos furiosos. Na verdade, é uma alusão a um ensaio escrito originalmente em alemão, um  texto do editor do jornal Die Zeit, Joechen Bittner, publicado no New York Times.

Bittner escreve que, como a Grã-Bretanha, que acaba de decidir cair fora da União Europeia, ele sempre fora cético sobre o caráter quase religioso dos que pregavam uma união cada vez mais profunda, especialmente os “velhos homens ansiosos”. Era a geração que trazia as feridas e cicatrizes da barbárie da Segunda Guerra Mundial, possuída pela fé de que somente um projeto coletivo evitaria a repetição da tragédia.

No entanto, agora, é pior, escreve Jochen Bittner. São os “homens velhos furiosos” (e uma mulher). Gente como inglês Nigel Farage, o holandês Geert Wilders, a francesa Marine Le Pen e, claro, Donald Trump, do outro lado do Atlântico.

Eles não viveram os traumas da Segunda Guerra e têm uma visão fantasiosa do mundo pré-globalização anterior a 1989. Com sua postura agressiva, eles conduzem a guerra ideológica e, muito possivelmente,  o Ocidente para o precipício.

O Ocidente não pode ficar na mão destes “homens velhos furiosos”. São demagogos sobre refugiados e imigrantes que, na verdade, têm muito em comum com a cultura do bode expiatório do mundo árabe que eles tanto desprezam.

Para Bittner, os integracionistas europeus são muito teatrais, mas o perigo agora é ser arrastado pelo outro extremo, os “maníacos da desintegração”.

E como conter a desintegração do projeto europeu, que é uma ameaça ao mundo ocidental? O referendo da semana passada na Grã-Bretanha mostrou que, quanto mais velho o eleitor, mais favorável à saída da União Europeia este seria. Sim, os furiosos são mais velhos e, pela frente, serão muitas batalhas furiosas pela alma da Europa.

Bittner considera estas forças a favor da desintegração europeia como destruidoras. E eu concordo. Para ele, existem visões opostas de destruição e de progresso. Estes homens velhos furiosos e uma mulher, Marine Le Pen, não serão acalmados. Sua xenobofia não pode ser controlada ou canalizada para a cooperação construtiva. Cabe aos jovens lutar para que a Europa seja a Europa.

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