Homens-fortes gostam do enfraquecimento democrático
Estão aí os homens-fortes no poder em países importantes, gente como Vladimir Putin e Xi Jinping. A força do homem-forte não surpreende em países autocráticos, como a China, ou quase ditatoriais como a Rússia. O que começa a inquietar é o enfraquecimento no núcleo duro de países democráticos na Europa e EUA, especialmente com a chegada ao poder de alguém metido a homem-forte, como Donald Trump.
Dois cientistas políticos, Yascha Mounk, da Universidade de Harvard, e Roberto Foa, da Universidade de Melbourne, estão preocupados em geral com o declínio da democracia liberal no mundo.
As conclusões serão apresentadas em um estudo em janeiro próximo, mas Mounk as antecipou em entrevista ao New York Times. De meados dos anos 70 até o começo do século 21, tudo avançou positivamente com a consolidação democrática.
Basta ver a transição de ditadura militar para democracia na América Latina e passos semelhantes na Europa Oriental com o final da Guerra Fria. E no núcleo duro da democracia, América do Norte, Europa Ocidental e Austrália/Nova Zelândia, tudo sob controle, no bom sentido.
No entanto, nos últimos 10 anos, existe um declínio da saúde democrática. E os dois cientistas políticos levam em conta três fatores: importância para os cidadãos que o país permaneça democrático; disposição popular para formas não democráticas de governo e ascensão de movimentos e partidos que são contra o “sistema”, ou seja o sucesso da mensagem de que o sistema é ilegítimo.
Na Europa, existe motivo de inquietação com um país como a Polônia, onde o partido governista Lei e Justiça tem enfraquecido de forma sistemática as instituições e mesmo no núcleo duro da democracia liberal cai o número de cidadãos que consideram essencial viver em uma democracia.
O caso Trump é escancarado. Ele vai ascender ao poder com base em uma plataforma anti-sistema e na transição se mostra infatigável para questionar instituições da democracia como o sistema eleitoral e a imprensa. Na Europa Ocidental, como sabemos, tem lugar o fortalecimento de movimentos populistas, à esquerda e à direita.
Homens-fortes como Vladimir Putin e Xi Jinping gostam deste enfraquecimento democrático no mundo.
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