A hora e a vez de Michel Temer
Brasília-DF 11-08-2015 Fotos Lula Marques/Agência PT. Presidenta Dilma durante cerimônia de anúncio do Programa de
Investimento em Energia ElétricaDilma e Temer
É a hora e a vez de Michel Temer no Brasil. Também no noticiário internacional há o soar de uma crise atrelada a clichês sobre um país confuso, caótico e com um futuro incerto. Não existe mais deslumbramento com o Brasil. Já é passado remoto aquela capa da revista The Economist do Cristo Redentor decolando. Na quarta-feira (11), o Wall Street Journal estampou, na primeira página, foto de Dilma à la crucificada com uma manchete bizarra de que ela buscava a redenção.
Mas vamos falar do futuro, da via crucis de Michel Temer,que, repito, ainda não deslumbra o exterior. Existe a expectativa de que haja um pouco menos de caos, de menos incerteza, e olhe lá. Paulo Sotero, o veterano jornalista brasileiro que hoje dirige o Centro Wilson de Washington, disse à agência Bloomberg que os brasileiros estão exaustos, precisam de uma urgente recuperação econômica. Para Sotero, Temer precisa apresentar um ministério e convencer a população e os mercados de que suas ações podem estabilizar as coisas.
Já o jornal Financial Times apresenta Temer a seus leitores em um perfil sobre sua política, definido por uma atuação pública sóbria e uma vida pessoal picante. Claro que se trata do seu casamento com Marcela Temer, trazendo, consequentemente, a foto do casal publicada pelo jornal. Na legenda, o periódico informa que Temer, 40 anos mais velho que a cônjugue, começou a namorá-la quando ela era adolelescente.
A reportagem começa lembrando uma entrevista dada por Temer ao próprio Financial Times, em dezembro, no qual ele descartou a possiblidade de cassacão de Dilma, acrescentando achar que o processo de impeachment não ia muito longe. Para o Financial Times, Temer tem duas tarefas essenciais: resgatar a maior economia da América Latina e restaurar a confiança popular em uma classe política desmoralizada pela corrupção.
Cinicamente, a revista The Economist observa que a faxina do governo Dilma é realizada por velhas vassouras como Michel Temer. Ele e seus acólitos do PMDB, definidos como centristas pela Economist, de fato, estão no centro dos acontecimentos desde o fim da ditadura militar, há 30 anos atrás. A revista comenta com acidez que os brasileiros devem ser perdoados por seu ceticismo. Apenas 8% acreditam que Temer terá um desempenho melhor do que o de Dilma.
Bem, não é consolo mas, ao menos, o Brasil pode olhar adiante e não apenas para baixo.
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