Humilhação não educa, mas a realidade sim; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 11/07/2014 11h37
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Reinaldo, Neymar concedeu ontem uma entrevista. Por que você diz que a humilhação não educa, mas a realidade sim?

Vou explicar. Neymar concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira. Trata-se de uma óbvia tentativa da CBF de diminuir o mal-estar causado pelo vexame do jogo contra a Alemanha. Esteja ou não bem assessorado, fale ou não orientado pelo esquema empresarial que o cerca – e nem poderia ser diferente -, a verdade é que se tratou de uma entrevista digna, sóbria, que confere, digamos, humanidade à tragédia havida em campo – e só no campo. O Brasil, como país, segue com as mesmas virtudes e com os mesmos defeitos de antes.

É claro que a imprensa tentou extrair de Neymar a sua explicação para a derrota. E ele deixou claro que também não sabe. Limitou-se a se solidarizar com seus companheiros e com o técnico Felipão, não sugerindo, em nenhum momento, que poderia ser diferente com ele em campo. Ele é bom o bastante para saber que, apesar do risco que correu, o destino o preservou do vexame. Com ele em campo, talvez não houvesse os 7 a 1 porque haveria ao menos uns dois alemães cuidando dele, mas seria difícil vencer. Nunca tivemos time para isso.

Gosto da coragem de Neymar de não se meter em patriotada e de se colocar contra a torcida, a esta altura, da quase unanimidade dos brasileiros, que quer ver a Alemanha vitoriosa. Ele não: disse estar torcendo por seus colegas de Barcelona: Messi e Mascherano. Tentou até relativizar, mas foi explícito: “Espero que vençam meus companheiros Messi e Mascherano. Acho que, para o futebol, pela história que o Messi tem, ele merece ser campeão. Estou torcendo por ele, porque é um amigo e lhe desejo muita sorte. Pode parecer estranho, mas não estou torcendo pela Argentina, estou torcendo por dois companheiros. Messi é um cara que eu tinha como espelho e, no Barcelona, passei a admirá-lo ainda mais. Minha torcida é sempre por ele, sou Messi Futebol Clube”.

Perfeito! E não adianta vir com a história de que o Barcelona lhe impõe isso e aquilo. É só mais uma das teorias conspiratórias imbecis que andam por aí. O maior astro do futebol brasileiro poderia simplesmente ter dito um “que vença o melhor”, mas preferiu não se omitir.

A humilhação, em si, não ensina nada. Mas a realidade, sim. É claro que Neymar não tinha motivos para estar sorridente. Estava sério e falava num tom grave. Mas o menino amadureceu uns anos, sem dúvida. Falou como gente grande.

Neymar ainda era um menino antes dos 7 a 1; era o garoto do “É TÓIS”, que Dilma, ridiculamente, tentou homenagear. A Copa o educou para a vida adulta. Uma educação, como diria João Cabral de Melo Neto, pela pedra. O mais jovem dos homens influentes envolvidos com a disputa acabou dando a entrevista mais madura, serena e realista.

 

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