Imprensa internacional não vê golpe, mas dificuldades em Dilma terminar mandato

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 02/04/2016 14h35
EFE Presidente Dilma Rousseff - EFE

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff convocou correspondentes de seis influentes jornais estrangeiros para fazer sua campanha de agitação e propaganda contra o processo de impeachment. A palavra de ordem: impeachment é golpe. Estes seis jornais são de centro-esquerda, mas não estão dando muito colher de chá para a presidente depois de sua papagaiada no Palácio do Planalto.

Esta semana, um dos seis jornais, o venerável francês Le Monde, foi direto ao ponto em editorial. O título: “Isso não é golpe de estado”. O jornal questiona Dilma e o ex-presidente Lula que, acuados politicamente, denunciam um golpe de estado.

Com a obviedade necessária nas circunstâncias, Le Monde diz que o argumento lulopetista não se sustenta na medida em que “a destituição de um chefe de Estado é prevista e regulamentada pela Constituição brasileira”. O jornal ressalta que não existem riscos para as instituições democráticas do país.

Le Monde é um jornal histórico e conhece a história do Brasil. Lembra que o país viveu situação semelhante nos anos 90 quando o ex-presidente Collor acabou fora do poder acusado de corrupção. E que partido foi às ruas na época com o povo para exigir o impeachment de Collor? Ora, o PT.

Le Monde estima que será difícil para Dilma terminar o mandato e observa que o impeachment não é a solução ideal para o impasse. Melhor uma eleição antecipada.

O jornal espanhol El País, como Le Monde, cobre o Brasil com intensidade, mas em editorial nesta semana foi mais camarada com Dilma Rousseff do que o venerável vespertino francês. O título do editorial é A Solidão de Dilma Rousseff.

El País toma nota do enfraquecimento político do governo, com o PT submerso no maior escândalo de corrupção na história recente do país. No entanto, o editorial fica em cima do muro sobre o impeachment, dizendo que, embora exista na legislação, não foi concebido como arma política, mas como recurso penal. Argumenta que, a despeito de estar sendo usado de forma errada pela oposição, não justifica que seja chamado de golpe por Dilma e pelas hostes governistas.

Em linhas gerais, a avaliação na imprensa internacional mais influente é que será muito difícil para Dilma terminar o mandato.

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