Institutos de pesquisa saem vencedores do primeiro turno na França
O primeiro turno das eleições presidenciais francesas no domingo teve três vencedores: o centrista Emmanuel Macron, a extremista de direita Marine Le Pen e os institutos de pesquisa.
Desta vez, os institutos fizeram realmente bonito, após saírem com a reputação manchada em votações anteriores. Eu creio que as manchas são exageradas nos casos do referendo Brexit e Donald Trump. Na Grã-Bretanha, o erro foi muito mais de analistas do que dos institutos de pesquisa e na eleição americana houve acerto sobre a vitória de Hillary Clinton no voto popular.
Mas deixa para lá o ano de 2016, o que conta é a França em 2017. As contas foram, de fato, quase na mosca nos principais institutos de pesquisa. Estiveram corretos sobre os dois finalistas que vão duelar em 7 de maio. Mais do que isso, houve acerto no posicionamento dos cinco principais corredores. A precisão sobre o grande vencedor, Macron, foi impressionante. Ele colheu 23,86% dos votos, enquanto na última média dos oito institutos de pesquisa o candidato teve 23,9%.
As especulações de que haveria um voto “envergonhado” para Marine Le Pen, ou seja, o entrevistado numa enquete não diz a verdade, não se materializaram. Não podemos esquecer que Le Pen é uma marca familiar na França, com pai ou filha concorrendo desde 1974. Desta vez não se repetiu o choque de 2002, quando Jean Marie Le Pen chegou ao segundo turno da eleição presidencial, traindo os institutos de pesquisa. Hoje, quem dá apoio a Marine Le Pen, assume claramente sua preferência.
Agora, é o teste final para os institutos de pesquisa neste ciclo eleitoral. Há tempos, as pesquisas apontam uma fácil vitória de Macron sobre Marine Le Pen em 7 de maio e já saíram do forno desde domingo os números, mostrando uma margem de 20 a 25 pontos.
Protegido pelo clichê “salvo surpresas”, difícil visualizar uma reversão das expectativas. O fato histórico é de que em toda eleição presidencial francesa desde 1965, quando não houve um vencedor imediato, o ganhador da primeira fase triunfou em 6 das 9 votações na rodada final. Por este critério, vantagem de 2 a 1 de Macron sobre Le Pen.
Obviamente, a história talvez não seja um sólido guia num momento tão tumultuado da vida francesa, para não dizer da Europa. Por alguns parâmetros, Marine Le Pen terá o consolo de não sofrer uma humilhação devastadora caso não repita o desempenho de papai em 2002 quando Jacques Chirac derrotou Jean Marie Le Pen por 82 a 18 no segundo turno.
O ponto é que nos próximos dias, poderemos fazer análises mais robustas sobre a eleição francesa, pois os institutos de pesquisa receberam um voto de confiança no domingo passado.
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