Integrantes da Comissão da Verdade vão pedir revisão da Lei da Anistia

  • Por Mona Dorf/ Jovem Pan
  • 10/12/2014 16h22

Nesta quarta-feira, a Comissão Nacional da Verdade entrega o relatório final de seus trabalhos. Nomes de torturadores e assassinos que atuaram durante a ditadura serão conhecidos.

Ao contrário de sua instalação, há 2 anos, em clima de estardalhaço, a cerimônia agendada em Brasília será sem grande alarde, quase “clandestina”.

O governo do PT se empenhou na criação da Comissão da Verdade para investigar os crimes da ditadura militar.

O objetivo seria apurar violações dos direitos humanos entre os 1946 e 1985.
O relatório deverá apontar mais de 300 militares e agentes que trabalharam para a repressão como responsáveis por assassinatos, desaparecimentos, torturas e outras violações dos direitos humanos. Os 7 integrantes divergiram entre si ao longo dos trabalhos. Alguns defendiam a revisão da lei de Anistia. O que é uma aberração.

A própria lei que criou a Comissão deixa claro que a Lei de Anistia não seria revista, assim mesmo há um temor de revanche, ainda que o Supremo Tribunal Federal tenha se pronunciado a respeito e reiterado a vigência da lei.

As esquerdas admitem que ao longo dos 21 anos de ditadura morreram cerca de 424 pessoas, contando os que pegaram em armas, os que caíram na Guerrilha do Araguaia e outros que sumiram em circunstâncias desconhecidas. Não foram listados aqui os mortos pelo terrorismo de esquerda, a resistência ao regime nem sempre foi pacífica. Essa é a questão.

Afinal se o pacto da anistia era para ambas as partes, por que só vitimizar só um dos lados?

Respeito o drama das famílias dos mortos e desaparecidos. Mas vamos lembrar que a lei de reparação que está em curso no Brasil é das mais generosas. As vítimas dos porões e suas famílias recebem hoje boas indenizações. Essa compensação foi bandeira durante anos do ex-ministro Nilmário Miranda que contabilizou 424 mortos dos anos de chumbo em seu livro Dos Filhos Deste Solo.

A Comissão querer reabrir essa ferida é um despropósito.

O trauma na sociedade brasileira não se compara como aos de seus vizinhos na América do Sul. A ditadura chilena fez 40.280 mortos, a Argentina, matou cerca de 30 mil pessoas.

Sem querer desmerecer, a cerimônia desta quarta que fecha o trabalho de 2 anos da Comissão parece ser tão irrelevante que o próprio Nilmário não estará presente.

O deputado petista viajou a convite do embaixador do Irã no Brasil, e aceitou participar nesse dia, em Teerã, da Conferência Mundial Contra a Violência e o Extremismo.

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