Interferência federal no IBGE é crítica, injusta e preocupante
Nêumanne, qual é a conclusão em que se chega depois dessa grande crise do IBGE pela tentativa de proibição de divulgação dos dados das pesquisas que o instituto faz nessa chamada Pnad Contínua?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, é uma instituição com fama internacional na área de pesquisas de população, de renda, dessas coisas… No entanto, está sendo desafiada: a senadora Gleisi Hoffman, do PT do Paraná, interpelou o IBGE a respeito da divulgação desses dados dizendo que eles estão distorcido e que, assim, alteram a distribuição de determinados recursos para os Estados.
A senadora, como se sabe, é candidata do PT ao governo da Paraná, ao seu Estado, e está, evidentemente, tentando puxar a sardinha para ele e ver se aproveita disso na campanha pra eleição dele. Mas parece que também está em jogo a reeleição de Dilma, porque há uma insatisfação na alta cúpula do governo pela constatação feita pela Pnad Contínua de que o desemprego no país em 2013 foi 7,1% e, não, o de 5% que é calculado pela pesquisa mensal de emprego também do IBGE. Só que são pesquisas diferentes – uma pesquisa é naciona e a outra apenas em grandes cidades, em regiões metropolitanas.
O pessoal do PT não está querendo saber. É claro que um índice de 5% é melhor que um indíce de 7, e tá todo mundo querendo censurar o que o IBGE faz. Houve uma revolta do corpo técnico do IBGE por causa disso e a semana começa com uma grande agitação na área – pedido de demissão, pressão, etc.
Esse fato serviu pra mostrar que estamos em plena crise de todos os institutos de pesquisa que antes eram tidos como intocáveis como, por exemplo, o Ipea que fez uma pesquisa e divulgou um dado completamente equivocado sobre a questão do machismo, a questão do estupro. Também institutos científicos como o Incra, que tem muita tradição lá no Rio e estão praticamente para fechar por falta de recursos; a Embrapa está em cheque; e por aí afora.
Há, no mínimo, uma coisa a ser questionada: ou o IBGE perdeu nas gestões atuais, nas últimas gestões, a sua competência, a competência de seu quadro técnico; ou está sendo vítima de uma injustiça. Em qualquer caso, a interferência de cima do governo federal é bastante crítica e, sobretudo, injusta e preocupante.
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