Internet e política: Turquia e China censuram o Twitter; EI faz propaganda

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 15/11/2015 12h25
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O americano Ian Bremmer, presidente da consultoria de risco Eurasia, é um dos meus gurus para questões de geopolítica. E Bremmer é muito antenado para fazer as conexões entre poder político e Internet no tabuleiro global.

Ele acaba de publicar um pequeno ensaio a respeito que é para nos deixar muito inquietos, mostrando como alguns países com governos autoritários, assim como alguns movimentos terroristas, usam a liberdade e o dinamismo das redes sociais para controlar suas populações.

A abertura das redes sociais é sua força, mas uma geração de espertos líderes políticos aprendeu a manipular esta força e este dinamismo. Eu vou pegar apenas três exemplos do ensaio de Ian Bremmer.

Temos a Turquia do carismático e cada vez mais autoritário presidente Recep Erdogan. Nas eleições no começo de novembro, seu partido reconquistou a maioria no Parlamento, em parte por bloquear críticos e a oposição do uso das redes sociais para denunciar e minar o seu governo.

E na Turquia, 92% da população que usa a Internet é ativa nas redes sociais, a maior proporção no mundo. Após protestos populares em maio de 2013, Erdogan montou uma equipe de seis mil pessoas para moldar a opinião pública na Internet e basta ver os recentes resultados eleitorais para concluir que o lance deu certo.

Existe um jogo pesado do governo por exemplo no Twitter. A Turquia é responsável por 92% das ações judiciais no mundo para que o Twitter remova conteúdo de seus servidores. Erdogan pessoalmente abriu processo contra 67 pessoas, acusadas de insultá-lo.

Imagine, então a China que é uma plena ditadura e tem 640 milhões de cidadãos que são usuários da Internet? A resposta é repressão em larga escala. O país mais populoso do mundo está em último lugar em um estudo da entidade Freedom House, ou Casa da Liberdade, justamente sobre liberdade na Internet.

E literalmente, num aterrador fenômeno mais recente, está aí o movimento Estado Islâmico. O grupo tem pouco acesso à imprensa tradicional, mas possui presença em praticamente cada plataforma de mídia social que existe no mundo de hoje para fazer propaganda e recrutar militantes. Assim conseguir trazer 20 mil jovens do mundo inteiro para suas fileiras.

O Twitter contra-ataca como pode e cancelou seis mil contas suspeitas de serem associadas ao Estado Islâmico, mas o grupo, que se mostra capaz de tanta barbárie nas suas ações, é sofisticado para manter o pique na Internet.

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