Invasão criminosa de sindicato no RJ é algo inusitado

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2015 21h03
Polícia acompanha eleições para escolha da nova diretoria do Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, após a prisão de mais de 200 pessoas por tumulto na sede do sindicato (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil Eleições no Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio

Pergunta: o que há de diferente da arruaça que invadiu o prédio e o sindicato dos comerciários no Rio de outros tipos de movimentos similares na história do sindicalismo e em sua relação com o crime?

Resposta: É, a invasão do sindicato dos comerciários no centro do RJ é algo inteiramente inusitado. Não é novo o contato que o sindicalismo tem com o crime, nem no Brasil e nem no mundo.

Tem o famoso “Sindicato do Crime”, o filme que denuncia isso no porto de Nova York. No Brasil, todo mundo sabe como isso acontece, agora, esse caso realmente foi de lascar. O sindicato dos comerciários está sob intervenção por causa de acusação de roubo, o que é normal em sindicatos.

E, depois que foi feita a devassa em seus documentos, foi convocada uma eleição a qual concorrem três centrais sindicais: a CUT, a Força Sindical e a UGT. A UGT, que é a central do presidente que foi deposto, é tida como suspeita da invasão que tentou impedir a realização da eleição.

Às duas horas da madrugada, o tenente da operação “Lapa Presente” foi chamado para ver o vandalismo no sindicato e não acreditou no que viu: mais de cem homens, muitos encapuzados, gritando e jogando bombas. Chegando lá ele viu uma explosão de uma granada de fumaça, muitos gritavam e jogavam bombas na rua, chamou reforço.

Cerca de 70 PMs da operação dele atuaram. Prenderam 202 vândalos. Eles embarcaram em 6 ônibus em Itaquera, SP, e foram direto para o centro do RJ para tentar invadir o 8º andar, onde estavam as urnas e cédulas para votações. Não conseguiram por que foram rechaçados por seguranças armados. Depois foram presos pela polícia e, neste momento, estão sendo investigados por vários crimes.

Desses vândalos, 20% já tinham sido acusados de crimes em várias delegacias em São Paulo. Quer dizer, tudo como manda o figurino: intervenção por denúncia de corrupção, depois tentativa de fazer eleição, e bandidos, contratados a cem reais a cabeça, invadem o sindicato com bandeiras e panfletos da tal da UGT.

Acontece o seguinte: a eleição está sendo realizada calmamente, sem problemas, os bandidos estão presos, mas nós precisamos de duas respostas: primeiro, que se prendam, não apenas os bandidos, mas os mandantes da invasão, e segundo, que os sindicatos tomem consciência que não vai ser assim que vão resgatar a imagem que já tiveram e estão longe de ter de novo.

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