Israelenses e palestinos chegam a acordo; entenda
Reinaldo, há então um fio de esperança no conflito israelo-palestino?
As delegações de Israel e dos palestinos chegaram a um acordo na noite desta quarta-feira para estender o cessar-fogo por mais cinco dias. O governo israelense aceitou a proposta, ainda que, duas horas antes do cessar-fogo anterior, de 72 horas, dois foguetes oriundos de Gaza tenham caído em território israelense. A Força Aérea do país retaliou, sim, o ataque – e não abre mão de fazê-lo, está claro – sem que isso implicasse recusar a trégua. Um dos porta-vozes do Hamas, Sami Abu Zuhri, negou que o grupo fosse autor do ataque.
O Egito negocia uma proposta que contempla a amenização do bloqueio a Gaza, com algumas medidas urgentes e outras de mais longo prazo. De imediato, seriam abertos mais postos na fronteira e haveria uma ampliação da área destinada à pesca. Segundo fontes do governo egípcio, as divergências no momento são mais de redação do que de conteúdo. Tomara.
Israel, por sua vez, deixou claro que não aceita o Hamas como interlocutor e que o negociador do outro lado tem de ser, necessariamente, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina. Segundo essas mesmas fontes israelenses, informa o jornal El País, o Hamas abandonou a sua postura de “ou o fim do bloqueio ou nada” por “queremos uma mudança substancial na situação de Gaza”.
Aí vêm dificuldades de várias ordens. Israel é uma democracia parlamentarista, e o governo é obrigado a submeter uma decisão dessa natureza ao gabinete. O primeiro-ministro, Benyamin Netanyahu, teme que a ala mais à direita do governo recuse o acordo já que diz não aceitar a negociação com terroristas. É o caso, por exemplo, do loquaz e cada vez mais influente ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.
Vamos ver como o Hamas e a Jihad islâmica se comportam desta vez. Parece evidente que Israel considera ter feito ao menos o suficiente para essa incursão. Se, de fato, aceitar amenizar as condições do bloqueio, está dando um passo importante para o fim desta jornada ao menos. A ser verdade que o Hamas rebaixou a sua exigência, um armistício pode estar próximo. Até quando? Eis a questão.
O Hamas é cínico, e isso é apenas um fato. Afirma, por exemplo, não saber quem andou disparando foguetes contra Israel antes do fim da trégua anterior. É mesmo? Gaza é pouco maior do que a metade de Dois Córregos: 365 km² contra 632 km². Os terroristas, que controlam até o que se pensa no local, tentam fingir que é possível haver uma base de lançamento de mísseis sem que eles saibam. É uma piada macabra. Mas vamos lá. Há um fio de esperança. Agarremo-nos a ele.
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