Jaques Wagner foi o máximo de concessão que Dilma fez para ganhar tempo no cargo

  • Por Jovem Pan
  • 01/10/2015 17h49
Marcelo Camargo/Agência Brasil Jaques Wagner

A entrada do Jaques Wagner na chefia da Casa Civil de Dilma modifica o panorama político, acenando para uma solução da crise?

A substituição na Casa Civil deve ser vista em duas partes. Vamos por parte, como diria Jack Estripador naquela brincadeira de mau gosto, de humor negro. A primeira parte é a saída de Aloízio Mercadante.

A saída de Mercadante é um alívio para o Lula, para o PT, para o PMDB, para todo mundo. As pessoas não falam isso claramente, mas dizem que ele é arrogante, que ele não ouve. Na verdade, Mercadante é alguém que não se escolhe para ser um Espírito Santo de orelha.

Lula descobriu isso quando perdeu a primeira eleição para o FHC exatamente porque ouviu dele o conselho de que o Plano Real era um estelionato eleitoral, e o Plano Real acabou elegendo FHC no primeiro turno. Desde então, Lula nunca o ouviu e faz o possível para que ninguém o ouça.

Mas Dilma nunca ouviu Lula. Aí é o outro lado da história: se as pessoas o acham arrogante, é porque ele é. E ele é porque Dilma também é. Mercadante é a reprodução, em menor escala, do que é a chefe do governo.

Mercadante que na verdade é Oliva (o pai dele era um general Oliva na ditadura). Só que a saída dele é muito dolorosa para Dilma, porque, na verdade, ela está entregando os anéis. Ainda não entregou os dedos. Os dedos que nomeiam, que escrevem os decretos que vão ao Diário Oficial, são dela.

Agora, os anéis estão indo para o Jaques Wagner, que não é uma pessoa da confiança dela, mas, sim, do Lula, é um quadro tradicional do PT, e é a desculpa de que, no Palácio, do lado dela, não está o PMDB, a quem então agora ela pode dar 6, 7 ministérios, quantos ela quiser.

A entrada do Jaques Wagner muda muito no sentido de uma comunicação mais fácil, mais fluida, tanto com Temer, quanto com o Congresso. A questão da relação do Temer com o Oliva é que o Oliva, além de arrogante, é fofoqueiro, muito sequioso de poder.

O Jaques Wagner também não é flor que se cheire, mas pelo menos é mais articulado. Agora, não dá grandeza à Casa Civil. Não tem a dimensão que a crise econômica, política, e com perspectiva de ser social, exige de um cargo importante como esse.

Mas também não se pode exigir mais de Dilma. Dilma é do tamanho que é, com a arrogância que tem, com o estilo temperamental, truculento e até estúpido que tem, e o Jaques Wagner foi o máximo de concessão que ela fez para ganhar mais um tempo.

Não se esqueçam que o que Dilma quer é um pouco mais de tempo até ter de sair. Espera mais 3 anos e 3 meses, é o que ela espera.

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