Joaquim Barbosa volta a dar as caras
Reinaldo, porque você diz que Joaquim Barbosa, amado pelas esquerdas, voltou a dar as caras?
Porque o presidente do STF perdeu nesta segunda uma excelente chance de ficar calado, refletir melhor e depois então, se fosse o caso, emitir a sua opinião. Mas este sempre foi o jeito de Joaquim Barbosa, estivesse certo ou errado. Falar primeiro e eventualmente pensar depois.
Nesta segunda ele participou do Seminário Liberdade de Expressão e o Poder Judiciário, no Tribunal de Justiça do Rio, e eis que surgiu aquele Barbosa que foi indicado por Lula para o Supremo. O Barbosa que ainda não havia sido transformado na “Geni do petismo” por causa de seus votos contra os mensaleiros.
O ouvinte poderia pensar: “esse Reinaldo já elogiou bastante Barbosa aqui, vai criticá-lo agora?”. Pois é, basta acessar o arquivo do meu blog para saber que ao longo dos anos mais critiquei do que elogiei o ministro. O fato de ele ter feito a coisa certa no mensalão não implica que eu endosse seu estilo e apoie sempre as suas opiniões.
Nesta segunda, o ainda ministro recebeu fazer considerações sobre a chamada regulação dos meios de comunicação. Afirmou: “normatização, regulação, seja ela do Estado ou auto-regulação, é importante. Não de defendo censura, nada disso. Sem um balizamento normativo, seja ele do Estado ou mesmo dos próprios integrantes de um determinado sistema produtivo, aquele que tem a incumbência de resolver os conflitos, entre esses grupos e essas pessoas, tem dificuldade de fazê-lo”.
Até aí parece ok, mas ele decidiu ser mais preciso e meteu os pés pelas mãos. Para ele falta diversidade aos meios de comunicação do país. Sei, avançou: “há organizações que fizeram esforços nos últimos 15, 20 anos para ter mais a cara do Brasil, na chamada paisagem em audiovisual brasileira. Outros simplesmente não despertaram para essa necessidade. Precisamos de visões mais plurais e ver isso com mais naturalidade. Vocês não acham que a informação no Brasil é repetitiva, obsessiva, cansativa às vezes? Todo mundo diz a mesma coisa.”
Barbosa está misturando alhos com bugalhos, e ao escolher está deixando alho de lado e ficando com bugalho. Quando um sujeito afinado com os valores democráticos fala em regulamentação da mídia, pense em eventuais questões técnica, não mais do que isso.
Há políticos, por exemplo, que recebem concessões de Rádio e TV por intermédio de terceiros. E isso precisa parar, mudar. Barbosa, no entanto, está falando de outra coisa, de conteúdo. Quem é que vai fazer isso que ele prega, o Estado? Uma comissão de auto-censura, que em nome da tal diversidade iria policiar a informação? Quem disse a Barbosa que os meios pensam a mesma coisa, defendem a mesma coisa, notificam a mesma coisa? Trata-se de uma visão vesga, distorcida e, ela sim, preconceituosa.
Vamos nos lembrar. O ministro já foi o herói daquele sub-jornalismo do nariz marrom, que exista só para aplaudir as ações do petismo e das esquerdas. Depois se transformou no grande vilão, quando condenou os criminosos do mensalão. Agora, que defende algo que tem cara de censura, cheiro de censura e jeito de censura, e que deve ser censura, já pode voltar a ser tratado como um vingador.
Consta que Barbosa deixa o Tribunal ainda neste ano, não sei o que vai fazer. De qualquer modo ele tem o direito de defender o que quiser, mas certas posturas são mais adequadas no Palácio do Congresso do que no Palácio da Justiça. Ele que se candidate então a algum cargo eletivo, atravessa a praça, e participe do debate político.
Este comentarista é esquisito. Quando gosta de alguma coisa diz “gosto”, quando não então “não gosto”. Não elogio nem critico pessoas, mas ideias. E as de Joaquim Barbosa sobre os meios de comunicação são tão primitivas como as da esquerda mais rombuda.
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