Levy, Davos e a confiança do empresariado
Ao mesmo tempo em que Joaquim Levy comunicava para nobre plateia em Davos o seu pacote de ajustes fiscais que vão concorrer para o que chamou de crescimento flat, o FMI também lançava sua previsão: o Brasil vai crescer menos de um quarto do que a América latina e Caribe em 2015. A previsão para esse ano é que o PIB cresça apenas 0, 3%. Ou seja, nada! O FMI confirma o flat de Levy.
O Fundo só vê uma ligeira recuperação em 2016, ainda assim reduziu suas contas para o crescimento brasileiro a 1, 5 por cento contra 2,2 estimado anteriormente.
O Brasil sofre com a fraca confiança do setor privado. E não é pra menos. Se havia antes incerteza relacionada à eleição e à política econômica, agora a dúvida é se vale pena investir num pais em que falta luz. O básico, digamos.
O pacote que Levy leva debaixo dos braços pode ganhar a confiança do mercado mas não deixa a menor sombra de que é um remédio amargo demais para o público interno. Vem aí arrocho, vem recessão, que ninguém duvide. Ainda que o ministro mostre serviço, o mundo corporativo trabalha com planejamento, e não com cenários idílicos. O ambiente em Davos nunca esteve tão gelado…
A consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) aproveitou o Forum Econômico para divulgar sua pesquisa anual feita com 1322 executivos globais. Ela aponta que o Brasil passou para o quinto lugar na disputa das atenções do empresariado. O país está à frente de concorrentes diretos como Índia e México, mas é citados apenas por 10% dos CEOs. Em 2013, o mercado brasileiro era considerado mais importante para 15% dos executivos, merecia um honroso terceiro lugar. É duro ver que o Brasil não está mais no radar dos investidores.
Lá se vão 5 anos da famosa capa da revista Economist – Brazil Takes Off / O Brasil decola – , que apontava um desempenho econômico invejável. Éramos a bola da vez. O editorial afirmava que o país parecia ter feito sua entrada no cenário mundial, marcada simbolicamente pela escolha do Rio como sede olímpica em 2016. Ainda não chegamos lá. O país que se descortina perdeu o bonde da história. Dilma que era conhecida como a gerentona deveria fazer uma autocrítica, um balanço do que deu errado. Diminuir os gastos públicos e cortar na carne, me parece um bom começo.
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