Lista da Odebrecht motivou manobra para tentar anistiar quem cometeu caixa dois

  • Por Jovem Pan
  • 20/09/2016 08h39
Renato Araújo/ABr Deputado Carlos Sampaio - PSDB - ABR

O medo da famosa “lista da Odebrecht”, apreendida da sede da empreiteira e que cita nomes de cerca de 300 políticos ao lado de valores, fez com que congressistas tentassem aprovar na calada da noite projeto que anistiaria o “caixa dois” em campanhas eleitorais. As informações são da colunista Jovem Pan Vera Magalhães.

A Odebrecht negocia acordo de colaboração premiada com o Ministério Público. A lista foi apreendida na 23ª fase da Operação Lava Jato, a Operação Acarajé, em fevereiro, e divulgada em março. Entre eles há vários próceres da Câmara e do Senado de diversos partidos.

O projeto que foi colocado em pauta na noite desta segunda poderia tipificar o cime de caixa dois, conforme havia antecipado o repórter JP José Maria Trindade na segunda. Hoje, delitos desse tipo são classificados em instâncias judiciais como corrupção e lavagem de dinheiro, que preveem penas mais duras. A Lava Jato tem sido implacável com tal tipo de prática. Se aprovada, a manobra anistiaria todos que já cometeram o crime de caixa dois, uma vez que até agora não é previsto em lei.

Caciques do Senado do PMDB, PSDB e PT também participaram para que o projeto fosse votado na Câmara com urgência e passasse pelo Senado com rapidez.

Autoria

Assim como no livro Assassinato No Expresso do Oriente, de Agatha Christie, em que (spolier) cada passageiro do famoso trem aplica uma facada para cometer o assassinato, ninguém quer assumir a autoria da manobra.

O fato é que participaram da articulação os principais partidos do governo e oposição: PSDB, PT, PMDB, entre outros. Na hora da votação no plenário da Câmara, porém, os nanicos fizeram uma “chiadeira”, a imprensa ficou em cima e a proposta foi retirada da pauta. Os que estavam à frente da articulação foram os primeiros a recuar. O projeto, porém, continua na fila e pode ser votado.

O deputado federal e vice-presidente nacional do PSDB, Carlos Sampaio, membro do Ministério Público, participante de várias CPIs, foi um dos articuladores da matéria e participou da elaboração do texto.

Ele nega, mas quatro deputados bastante instruídos nos bastidores da Câmara apontaram Sampaio como um dos mentores da manobra da anistia.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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