Lula comandou reforma ministerial de Dilma
Se a Igreja pode ter dois papas — ou quase isso: um emérito e outro de fato —, por que o Brasil não pode ter dois presidentes, não é mesmo? Dilma anuncia nesta sexta a sua “reforma ministerial anti-impeachment”, que sai quase ao gosto de Lula. E olhem que nem foi uma decisão que ele tomou com o cérebro: quem quer que tenha ouvido o ex-presidente falar a verdade sabe que ele preferiria que a sua sucessora fosse impichada ou renunciasse. Mas o PT já não sabe mais viver sem as tetas oficiais.
Então vamos lá. A conselho do demiurgo, Dilma resolveu dar um ministério a mais para o PMDB numa reforma que, para todos os feitos, corta oito pastas. Mas é tudo brincadeirinha.
Deputados do partido assumirão a Saúde (Marcelo Castro-PI) e a Ciência e Tecnologia (Celso Pansera-RJ). Mantiveram seus cargos Kátia Abreu (Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Eduardo Alves (Turismo). Helder Barbalho, que não entende nada de Pesca hoje em dia — ministério que será fundido com o da Agricultura —, continuará a não entender nada nos Portos.
Lula patrocinou ainda a ida dos petistas Jaques Wagner para a Casa Civil — o que realocou Aloizio Mercadante na Educação — e de Ricardo Berzoini para a Secretaria de Governo. Em tese ao menos, passa a ser o coordenador político do governo. Miguel Rossetto fica com o Ministério do Trabalho e Previdência, mas calma! O petista Carlos Gabas fica com a subpasta da Previdência, que já é sua, e José Lopes Feijoó, chefão da CUT, com a do Trabalho.
Que fique claro, o tal enxugamento que Dilma promete nos ministérios é de mentirinha. As estruturas das pastas que serão fundidas permanecerão intactas. É o que acontecerá também com o ministério que resultar da fusão das secretarias das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Haverá um só titular, mas as subpastas manterão sua identidade. Estavam na parada até o fim da noite desta quinta para assumir o cargo as deputadas Moema Gramacho (BA) e Benedita da Silva (RJ), mas a atual ministra da Igualdade, Nilma Lino Gomes, contava com o apoio da maioria dos parlamentares petistas.
O PCdoB e o PDT continuam no governo: Aldo Rebelo deve representar o primeiro partido no Ministério da Defesa, e o deputado André Figueiredo (CE) representará o segundo no Ministério das Comunicações.
Lula foi malsucedido num único esforço: queria trocar Joaquim Levy, da Fazenda, por Henrique Meirelles, que, segundo as suas considerações, seria igualmente bem recebido pelo mercado e, na cabeça do Babalorixá de Banânia, é mais maleável às vicissitudes políticas. Mas aí esbarrou numa questão pessoal: Dilma não suporta Meirelles e tem lá um pouco de amor-próprio, não é?
A sorte está lançada. É assim que Dilma pretende ficar mais três anos e três meses no poder.
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