Lula consegue unir vozes divergentes no STF

  • Por Jovem Pan
  • 29/04/2014 10h28

Gilmar Mendes pediu vista do processo da Ordem dos Advogados do Brasil contra o pagamento de empresas a políticos durante as disputas eleitorais

José Cruz/Agência Brasil Gilmar Mendes

Reinaldo, quer dizer que Lula conseguiu unir vozes divergentes do STF em defesa do Tribunal e da democracia?

Conseguiu sim, ao menos fez isso de bom. Olá internautas e amigos da Pan.

Todo mundo sabe que os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, não formam exatamente uma corrente de pensamento. Ainda bem que não. O Tribunal não é seita, nem ideológica nem partidária, só que Lula não se conforma com isso.

Nesta segunda, esses três ministros afinaram suas vozes para reagir aos ataques que Lula desfechou contra o STF em entrevista concedida à TV portuguesa RTP. Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, que estreou ontem às 18h aqui na Jovem Pan, Mendes comentou a declaração de Lula, segundo quem o julgamento do mensalão foi 80% político e 20% jurídico.

Disse o ministro: “O Tribunal se debruçou sobre esse tema já no recebimento da denúncia. Depois houve várias considerações técnicas, houve rejeição da denúncia em muitos pontos, houve toda uma instrução processual e o Tribunal julgou com clareza e examinou todas essas questões”. Mendes está afirmando, em suma, que se fez um julgamento técnico.

Joaquim Barbosa, presidente do Supremo, também reagiu: “O juízo de valor emitido pelo ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade. E revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome”.

Pois é, Lula não se conforma que a Justiça não ceda às injunções da política e, claro, da sua política. Ora, voltemos um pouquinho no tempo, em Abril de 2012, o chefão do PT convidou justamente o ministro Gilmar Mendes para um bate-papo. Ele queria adiar a todo custo o início do julgamento do mensalão.

Lula tinha recebido a falsa informação de que Mendes teria relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, ou coisa assim. Era uma mentira grotesca. Na conversa, depois de algumas amenidades, Lula foi ao ponto que lhe interessava e afirmou ao ministro: “É inconveniente julgar esse processo agora”.

O presidente argumentava que seria mais correto esperar passar as eleições municipais de Outubro daquele ano. Depois de afirmar que detinha o controle político da CPI do Cachoeira, imaginem vocês, Lula, magnanimamente, ofereceu “proteção” ao ministro Gilmar Mendes, dizendo que ele não teria motivo de preocupação com as investigações.

O ministro fez o certo, botou a boca no trombone, percebeu que se tratava de uma chantagem. Chantagem sem lastro, porque afinal de contas o ministro nada devia. Com Barbosa a relação passou a ser de ódio explícito, Lula não cansou de dizer nos bastidores que o ministro devia a ele a nomeação. Que só havia um negro na Corte porque ele tomara essa decisão.

Em síntese, para Lula, quando o ministro absolve um amigo seu e condena um adversário, está agindo tecnicamente. Se faz o contrário, então está movido por má fé política. Compreenda essa alma pura, nestes dias que seguem, Lula deve estar de olho no Vaticano.

Está tentando entender por que cargas d´água Padre Anchieta, João XXIII e João Paulo II foram canonizados. E ele, Lula, por enquanto não foi nem beatificado.

 

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