Lula já grita ser uma vítima da Lava Jato! Errado! O país é que é vítima, há 13 anos, da mesma quadrilha
Ah, que graça! Luiz Inácio Lula da Silva está, consta, chateado com a prisão de seu amigão do peito José Carlos Bumlai, cujo papel nas tramoias do mensalão e do petrolão começa a ficar mais claro. Sim, está chateado, mas, como Lula é Lula, pensa, antes de mais nada, em manter a cabeça colada ao pescoço. Comentou com o seu entorno ser ele o verdadeiro alvo da Lava Jato. É mesmo?
Infelizmente, até agora, não é o que se percebe. Muito pelo contrário. Ele está é sendo poupado. Vamos relembrar? Lula é tão vaidoso que disputa protagonismo até com bandidos.
Eu ainda estou em busca de boa explicação. Ninguém tem nenhuma. Salim Schahin diz que perdoou uma dívida do PT porque seu grupo conseguiu, com a interferência de Lula, operar um dos navios-sonda da Petrobras. Qualquer pessoa lógica infere o óbvio: foi a estatal que pagou o empréstimo contraído pelo partido.
Muito bem! Até agora, não existe nem sequer um miserável inquérito para apurar a atuação do ex-presidente num caso em que o delator admite, sem receios, a falcatrua. Pagou por isso uma multa de R$ 1,5 milhão.
Lula, segundo seus “aliados”, informa a Folha, estaria reclamando da condução “espetaculosa” da investigação e diz saber “que querem atingi-lo politicamente”. Suas críticas são direcionadas também ao juiz Sergio Moro.
Até agora, ao menos, ele deveria ser grato à Polícia Federal, ao Ministério Público e a Moro. Dilma também.
Pois é… Os homens de Lula já plantam por aí a sua frase sobre Bumlai: “Se ele fez alguma coisa, não foi com meu aval”. Ora, claro que não! Os eventos mais escabrosos acontecem em torno de Lula, beneficiam o PT e os petistas, mostram um estreito vínculo entre o partido e alguns, sem exagero, bandidos, mas “o cara” não sabia de nada. O mensalão e o petrolão beneficiavam o seu governo, à medida que mantinham unida a base, mas, ora vejam!, ele nunca sabe de nada.
Para detalhar: em 2004, o Banco Schahin emprestou R$ 12,17 milhões a Bumlai, que era apenas a fachada do negócio. O destinatário do dinheiro, segundo a apuração, foi o PT, depois de passar pela conta do frigorífico Bertin.
Essa dívida nunca foi paga. O grupo Schahin foi regiamente recompensado cinco anos depois, em 2009, quando, por interferência de Lula, segundo Salim Schahin, seu grupo fez um contrato de US$ 1,6 bilhão para a operação do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras. A dívida do PT, que Bumlai fazia de conta ser sua, já estava em R$ 60 milhões.
Sandro Tordin, ex-presidente do Banco Schahin, confirmou, também em delação premiada, que houve a operação envolvendo o PT. E deu outros detalhes. Disse que o banco tinha receio de conceder empréstimo tão grande, mas ficou mais tranquilo depois que o próprio Delúbio Soares compareceu a uma reunião, deixando claro que o dinheiro era mesmo destinado ao partido. Isso em 2004. Em 2009, quem atuou para viabilizar o contrato do navio-sonda foi outro tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Segundo Tordin, dias depois do empréstimo, José Dirceu, ainda o todo-poderoso da Casa Civil, deu um gentil telefonema, para uma conversa amena. Ele afirmou que não tocaram no assunto, mas que o sentido da ligação era claro. Bem, se é possível contestar que Dirceu tenha tido algo a ver com história, é incontestável que Delúbio participou.
Notem que essa operação em particular lembra muito claramente as traficâncias daquilo a que se chamou, então, “mensalão”. A primeira tramoia é de 2004, antes ainda que o escândalo viesse à luz, mas o “pagamento” ao grupo Schahin, por intermédio da Petrobras, só foi feito em 2009, quando aquele outro escândalo já era conhecido.
Outro escândalo? No fim das contas, é tudo a mesma coisa: trata-se de uma quadrilha, disfarçada de projeto de poder, organizada para assaltar o estado brasileiro.
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