Mais um bandido confesso nos ajuda a entender o real problema do Brasil

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 04/07/2016 09h02
Brasília- DF 19-05-2016 deputado, Eduardo Cunha durante depoimento no conselho de ética. Foto Lula Marques/Agência PT Lula Marques/Agência PT Eduardo Cunha - Ag. PT

É do balacobaco!

Fábio Cleto, o homem de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que era um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, da área de fundos de governo e loterias, afirmou ter recebido propina de pelo menos dez grupos de empresas — os nomes seguem abaixo.

Ao todo, diz ter embolsado R$ 7,3 milhões. Teria direito a 8% dos contratos, mas repassava metade a um sócio. Afirmou ainda que Cunha era destinatário de 80% da propina. Dada a proporção, isso significaria a bagatela de R$ 90 milhões. A intermediação do dinheiro seria do operador Lúcio Bolonha Funaro.

Foi o que ele contou em um dos depoimentos de sua delação premiada, o primeiro, ainda em sigilo, ao qual a reportagem da Folha teve acesso.

Os dez grupos de empresas citados por Cleto são os seguintes: Porto Maravilha (consórcio formado por Carioca Engenharia, OAS e Odebrecht), Haztec, Aquapolo (formada por Odebrecht e Sabesp), OAS, BR Vias (de Henrique Constantino, dono da Gol), Saneatins (controlada pela Odebrecht Ambiental), LLX (de Eike Batista), Eldorado Celulose (parte do grupo da JBS), Brado Logísticas (tem como acionistas os grupos ALL, BRZ, Deminvest e Dimitrios Markakis) e “Linhas Amarelas do Metrô”, do Rio de Janeiro.

Além de vice da Caixa, Cleto era também membro do conselho do Fundo de Investimentos do FGTS, responsável pela liberação de recursos. Juntos, aqueles grupos de empresas captaram pelo menos R$ 6,5 bilhões em empréstimos.

Segundo o delator, uma vez concedidos os ditos-cujos, cabia a Cunha fazer a cobrança da propina junto aos tomadores. E ele, Cleto, recebia, então, a sua parte.

O presidente afastado da Câmara, como sabemos, nega tudo. A Carioca Engenharia já admitiu o pagamento de propina. OAS, Aquapolo e Saneatins não quiseram se manifestar sobre esses casos em particular. As demais empresas dizem que não praticaram irregularidades. Que o tal Cleto recebeu propina, ah, isso recebeu, não é? O dinheiro está depositado no exterior. E não saiu dos seus rendimentos.

Estamos, mais uma vez, diante de uma evidência escancarada e já sabemos qual é o remédio: enquanto o estado brasileiro atuar como petroleira, vai haver roubalheira; enquanto o estado brasileiro atuar como banco, vai haver roubalheira; enquanto o estado brasileiro atuar como construtor de estradas, vai haver roubalheira; enquanto, em suma, o estado brasileiro se comportar como o empresário dos empresários, os pobres estarão sendo assaltados por meia dúzia de espertalhões.

Observem que já não estamos a falar sobre petrolão. Já se trata de outra safadeza. E não duvidem: assim será onde quer que exista dinheiro público sendo disputado pelos nababos. Vejam o caso dos empréstimos consignados, que estavam centralizados no Ministério do Planejamento, que era comando por Paulo Bernardo.

É o tamanho do estado que sufoca o país. É o tamanho do estado que condena os brasileiros ao atraso e à pobreza.

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