Marcelo Odebrecht confirma que o “amigo” de planilha é Lula

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2017 08h40 - Atualizado em 04/04/2017 16h32
Montagem/Reuters e EFE Marcelo Odebrecht e Lula

O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, confirmou em seu depoimento à Lava Jato que o “amigo” ou “amigo de EO” (referência a Emílio Odebrecht) das planilhas e e-mails da empresa é de fato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como suspeitavam os investigadores. A informação é da colunista Jovem Pan Vera Magalhães.

Marcelo Odebrecht não apenas confirma a identidade de Lula, como descreve a amizade entre o pai, Emílio, e o petista. Marcelo entende que a relação entre governo e empreiteira nem sempre foi benéfica ao grupo empresarial, uma vez que o pai teria sido muito condescendente com os pedidos de Lula, fazendo com que a Odebrecht embarcasse em negócios não tão vantajosos, como a construção da Arena Corinthians.

A citação a Lula e o reconhecimento de que as planilhas da Odebrecht traziam pagamentos destinados ao ex-presidente podem complicar muito sua situação perante a Justiça. Ele deve ser alvo de novos inquéritos por parte do procurador-geral Rodrigo Janot. Vera Magalhães avalia que isso ajuda a explicar o afã do Partido dos Trabalhadores em lançar Lula como pré-candidato à corrida presidencial de 2018.

Em depoimento ao TSE nesta terça (7), um funcionário do departamento de propinas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas da Silva Filho, também confirmou a identidade de Lula como o “amigo” ou “amigo de EO”.

Integrantes do Ministério Público avaliam também que a delação de Marcelo Odebrecht “fere de morte” dois ex-ministros: Guido Mantega e Antonio Palocci. Um procurador da República chegou a dizer que, diante do que vai aparecer sobre Palocci, não vai sobrar a sua defesa outra possibilidade além de oferecer delação premiada e entregar a cadeia de comando de favores e distribuição do dinheiro.

Alguns petistas têm sido fiéis e não entregam os seus superiores, mesmo condenados, como Delúbio Soares e José Dirceu. Vera Magalhães desconfia se a postura de Palocci será tão “orgânica” como a de seus colegas.

A quaresma de Janot

Apesar das altas expectativas para a divulgação completa da delação da Odebrecht, não deve haver denúncias imediatas a partir das delações.

Os procuradores dizem estar na fase de revisão dos procedimentos, entre inquéritos (pedidos de investigações) e arquivamentos. Deve-se adotar uma postura ainda mais cautelosa. Para os procuradores, denunciar apenas com base nos depoimentos dos delatores poderia dar margem para questionamentos sobre a fragilidade da ação.

A divulgação seria essencial para entender o que se deu no passado, medir as consequências dos depoimentos para a sustentabilidade do governo Michel Temer e prever minimamente o futuro político do Brasil, quanto às projeções políticas de 2018.

A lista anterior de Janot já foi apresentada há dois anos e apenas cinco pessoas foram denunciadas.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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