Marquês de Sade ficaria bravo com o PT

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2014 14h03

Reinaldo, por que você diz que o Marquês de Sade ficaria bravo com o PT?

Esquisito, né? É que se vivo fosse, se não estivesse morto desde 1814 e soubesse o que anda fazendo o PT, diria o Marques de Sade, que deu origem ao substantivo sadismo e ao adjetivo sádico: “Vamos botar ordem nessa orgia!”. É claro que ele não disse isso, mas poderia tê-lo feito.

Num livro chamado A Filosofia na Alcova o escritor e transgressor francês narra os hábitos sexuais mais bizarros. Mas tudo com um incrível método, descrevendo cada prática no detalhe e demonstrando que elas devem seguir determinados rituais, determinada ordem.

Daí a piada que se começou a fazer com ele: “Vamos botar ordem nessa orgia!”. Recomendo o livro, não as estripulias, aos maiores de idade. Ali ele deixa claro porque a revolução francesa não era coisa que prestasse.

Mas voltemos ao ponto. A orgia legal petista não tem ordem nenhuma, não tem método, não tem nada. Sade podia narrar as piores cenas, mas tudo com muita elegância, coisa que a companheirada não têm. É grossa, mata a bola de canela.

Vejam vocês. O Senado adiou a decisão sobre a CPI para a próxima terça-feira, só então o Plenário via decidir se acata ou não o parecer da CCJ, que optou pela Comissão mais ampla, conforme a proposta dos governistas. No seu requerimento investigam-se, além das lambanças na Petrobras, acusações de mal uso do dinheiro público em São Paulo, Pernambuco e Minas. Tudo ao mesmo tempo agora.

Acontece que o Plenário também terá de votar uma outra questão. O PT alega que a investigação da Petrobras não tem fato determinado, que há acusações sem ligações entre si. Que coisa fabulosa, as oposições querem uma CPI específica para apurar as evidências de irregularidade na Petrobras. Os petistas alegam que falta o fato determinado. Não obstante, eles propõe e conseguem aprovar uma comissão ainda mais ampla.

Pergunta óbvia: se o PT alega que falta fato determinado no caso da estatal, como é que justificam uma CPI ainda maio, que apuraria também supostos mal feitos em três estados? O Marques de Sade certamente ficaria furioso com o PT, ele que era um homem muito politizado, embora gostasse mesmo é de uma boa sacanagem, diria: “Assim não é possível fazer uma orgia. Orgia do modo como agem os petistas vira uma grande bagunça”.

Também na próxima terça está prevista a leitura de dois outros requerimentos de CPI, aí mistas. A da oposição que pede investigação dos casos escabrosos da Petrobras e a do governo, que repete a fórmula tudo ao mesmo tempo agora, empregada no Senado.

Alguém poderia perguntar: mas o governo quer mesmo investigar os estados comandados por oposicionistas? Resposta: pode até querer, mas esse não é o objetivo principal. O que se pretende evitar a todo custo é uma CPI da Petrobras, e deve haver fortes motivos para isso, não é mesmo?

Dois dos negócios considerados ruinosos para a empresa, a compra a um preço estratosférico de uma refinaria nos Estados Unidos e a venda, por um valor considerado abaixo do de mercado, de outra refinaria na Argentina, foram feitos em 2006 em pleno ano eleitoral.

Mais, as acusações pilantras de que o PSDB teria pretendido privatizar a Petrobras, o que é mentira, constituíram um pilar das campanhas eleitorais petistas de 2002, de 2006 e de 2010. O que se vê é que privatizada a empresa está hoje, passou a ser propriedade dos companheiros, que não leram Marques de Sade. Não porque não gostem de uma sacanagem, mas porque não têm métodos.

 

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