Marqueteiros do Planalto decidem atacar os “pessimistas”

  • Por Jovem Pan
  • 23/06/2014 11h49

Reinaldo, que história é essa de que os marqueteiros do Planalto decidiram agora atacar os pessimistas?

Vou explicar, antes algumas considerações. É fabuloso. Recebo no blog centenas de comentários por dia me cobrando porque eu teria escrito que a Copa do Mundo seria uma catástrofe. É mesmo? Eu? Escrevo no meu blog, hospedado no site da Veja, na Folha de São Paulo e faço comentários no Jornal da Manhã, aqui na Jovem Pan, onde também tenho um programa diário: “Os Pingos nos Is”, que vai ao ar entre 18h e 19h. Está em recesso justamente por causa dos jogos da Copa. Volta ao ar na próxima sexta.

Muito bem! Tudo o que escrevo e falo está em arquivo. Tentem encontrar uma só fala ou um só texto meus antevendo o desastre. Não há. Porque nunca achei que isso fosse acontecer. Ao contrário: cheguei a alertar que esse negócio de “Não Vai Ter Copa” era coisa de imbecis. Porque, por certo, haveria Copa, e a força do espetáculo se imporia, ainda que com contratempos ― que existem.

Como meus leitores e meus ouvintes estão cansados de saber, jamais me encantaram os protestos de rua, desde junho do ano passado. Boa parte deles abrigou manifestações francamente criminosas, da extrema esquerda e de grupelhos de radicaloides que estão a precisar é de pais severos que lhes puxem as orelhas e lhes cortem as mesadas.

Estamos, isto sim, é diante de mais uma jogada dos marqueteiros do poder e de seus braços na imprensa. Agora saem por aí a dizer: “Estão vendo? Os pessimistas estavam errados. A Copa é um sucesso!” É claro que o evento, em si, seria bem-sucedido. O ponto é outro: As benfeitorias permanentes que viriam junto com a Copa do Mundo chegaram em proporções muito modestas. Além dos estádios e da privatização dos aeroportos, há pouco a comemorar. Aliás, tanto o torneio de futebol como a Olimpíada serviram, isto sim, para tirar o governo de sua tacanhice ideológica e obrigaram Dilma a privatizar parte do setor aeroportuário, o que ela e o PT se negavam a fazer. Nesse sentido, aquilo que os petistas não fizeram para servir aos brasileiros, viram-se obrigados a fazer para atender aos estrangeiros.

O PT, felizmente, se envergonha diante dos turistas e, infelizmente, não se envergonha diante do povo. Até outro dia, tínhamos de ouvir a cascata imoral de que havia muita gente reclamando da situação dos aeroportos porque estava incomodada com a presença de pobres. O que é decepcionante para os poderosos de turno ― e bom para o país ― agora, sim, é outra coisa: o governo não está conseguindo faturar politicamente com o evento.

Segundo o planejado, a esta altura, a presidente deveria estar vivendo o momento da apoteose, com a popularidade nas alturas, caminhando para um mero ritual homologatório na eleição de outubro. E isso não vai acontecer. No meio da competição, o PTB, um partido da base, muda-se para o lado do candidato do PSDB, Aécio Neves. O PMDB do Rio, como se viu neste domingo, rachou, para valer, e vai fazer a campanha “Aezão” ― isto é, vai apoiar o peemedebista Luiz Fernando Pezão para o governo do Estado e Aécio para a Presidência. Isso caracteriza uma presidente fraca politicamente.

Assim, tudo vai bem com a Copa em si e relativamente bem com o seu entorno. Ruim para o governo é outra coisa: a população aprendeu a distinguir o evento em si da questão política. Quando essas duas coisas se misturam, ainda é contra os interesses do Planalto. Dilma deveria estar no auge de sua força. E, por enquanto, ela está perdendo apoio, não ganhando.

 

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