Mendonça Filho: um ministro cercado pela conspiração do atraso. Que resista!
A Comissão de Educação do Senado aprovou nesta terça um requerimento de convocação do ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho, para prestar esclarecimentos sobre a extinção do Ministério da Cultura e a migração de suas atribuições para o MEC. O requerimento de convocação é de autoria dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Telmário Mota (PDT-RR).
É mesmo? Então vamos ver. Estamos falando com dois notórios adversários do impeachment. Um deles porque serviçal do governo deposto mesmo: Telmário. O outro fazia oposição de esquerda ao PT e agora migrou para as hostes de Marina Silva e defende novas eleições, pouco se importando com a questão legal. Randolfe diz apostar na cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. Se acontecer, será só por meados do ano que vem. Até lá, o senador queria condenar o Brasil ao governo do PT.
A convocação é um absurdo em si. Fundir ou criar ministérios é uma prerrogativa do Executivo. Por que a Rede e o PDT não quiseram ouvir Dilma quando ela criava ministérios? Reagem justo na hora da extinção? Eu já lhes disse aqui que era contrário à fusão porque antevia a gritaria, que sabia ser excessiva para a importância da coisa. Mas daí a convocar ministro? Tenham paciência!
Ah, sim: a Comissão de Educação do Senado também aprovou a convocação de uma audiência pública com ditos artistas e produtores culturais para tratar do assunto. Os nomes que aparecem na lista são uma piada e vou dizer por quê: Luís Carlos Barreto, Ana Muylaert, Cacá Diegues, Paula Lavigne, Wagner Moura, Tiago Lacerda, Odilon Wagner, Roberto Frejat e os militantes de esquerda Bia Barboza, do Coletivo Intervozes, e Pablo Capilé, do Movimento Fora do Eixo.
A maioria ali é viúva do impeachment de Dilma, com posições historicamente identificadas com o petismo ou com grupos ainda à sua esquerda. O país está quebrado. Se todos os ministérios sentirão os efeitos do corte, é possível que a Cultura também. Já disse que, por razões muito pragmáticas, era contrário à fusão. Agora, dada a gritaria de alguns notórios aproveitadores e beneficiários dos amiguinhos que estavam no poder, passei a ser a favor.
Um artista não se transforma em especialista em contas públicas e gestão. E é precisamente de gestores que a Cultura precisa, seja um ministério, seja uma secretaria ou mais de uma. Gestores, sim! Não espero que ajam como contadores, mas espero que respeitem o dinheiro público, e isso quer dizer que também têm de ser bons… contadores.
Isso tudo não passa de um movimento de intimidação do novo ministro. No fim das contas, o que essa gente quer é impor um nome da patota para continuar à frente da Cultura, quem sabe franqueando as facilidades de sempre aos de sempre.
De todos os males do Brasil, um dos mais perniciosos é mesmo o corporativismo. Que o ministro Mendonça Filho saiba resistir à pressão dos bacanas e das milícias e escolha os nomes da Cultura única e exclusivamente com base na competência técnica.
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