A mensagem explosiva do bem: empresa de telefonia do Kuwait faz comercial contra o terror islâmico

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 31/05/2017 08h12
Reprodução Vídeo de empresa de telefonia do Kuwait faz comercial contra o terrorismo islâmico

Para gente islamofóbica, que a cada atentado terrorista faz questão de dizer bem-que-eu-avisei, qualquer grande salto de denúncia de violência jihadista no mundo islâmico será um pequeno passo ou meramente um passo em falso.

Vamos saudar o grande salto de uma multinacional de telefonia celular, baseada no Kuwait, com seu comercial, repudiando o terror islâmico e promovendo a tolerância. O vídeo de três minutos de duração foi divulgado na sexta-feira passada para marcar o início do Ramadã, o mês de jejum dos muçulmanos, período para expressar piedade e autocontrole.

O vídeo se tornou viral nas redes sociais. Milhões e milhões de visualizações do comercial. E devemos lembrar que a audiência de televisão explode no mundo árabe durante o Ramadã.

Não é a primeira vez que são divulgadas mensagens explosivas do bem no mundo islâmico (até em telenovela saudita isto já aconteceu), mas nunca ocorrera de forma tão explícita e com o patrocínio de uma empresa privada (esta operadora de telefonia chamada Zain).

Ademais, o momento é essencial, diante de tanta ansiedade com a sucessão de atentados na Europa e no Oriente Médio e a associação mecânica entre refugiados e terroristas.

O vídeo serve para neutralizar a arenga de que ninguém faz nada na sociedade e nas redes sociais do mundo islâmico para repudiar o terror. Aliás, vamos reiterar que as maiores vítimas do terror são muçulmanos, como reconheceu até o presidente Donald Trump e um alvo preferencial é o Iraque, com as explosões assumidas pelo sunita Estado Islâmico, atingindo preferencialmente os xiitas.

Entre as imagens do vídeo, temos o terrorista com o cinturão explosivo que entra num ônibus, onde estão vítimas de ataques anteriores. Pouco a pouco, em meio a cenas de atentados em várias cidades árabes, a multidão sai da mesquita e desafia o terrorista ao som da música do cantor Hussain al-Jasmi, que ao final estende sua mão ao extremista suicida.

Existem críticas procedentes ao vídeo. Trata-se de marquetagem de uma empresa e em termos políticos é uma simplificação sentimental de um problema complexo. Uma crítica é bem direcionada: o vídeo inclui uma criança que faz o papel de Omran Daqneesh, o garoto de cinco anos de Aleppo, cuja imagem ensanguentada foi vista no mundo.

Omran sobreviveu a um ataque aéreo do regime de Bashar Assad e não ao terror jihadista. Ok, o vídeo é um grande salto, com alguns passos em falso.

“Adore seu deus com amor; com amor e não terror”, diz a música do vídeo. “Vamos bombear a violência com misericóridia”.

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