Mesmo com pressão do PT, André Vargas não desiste de mandato

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2014 10h38

Reinaldo, o PT pressionou para André Vargas, deputado enrolado com o doleiro Alberto Yousseff, renunciar ao mandato. Mas ele só desistiu da vice-presidência da Câmara, o que está pegando?

Veja você, o PT estava doido para Vargas renunciar, e já. Mas ele não quer de jeito nenhum. Olá, amigos e internautas da Jovem Pan.

Lá entre os petistas, apurou este comentarista, o deputado alega que tem muitos serviços prestados ao partido, vai saber quais. E disse que não aceita ser linchado pelos próprios companheiros. Que serviços serão esses, e que histórias se escondem nos bastidores e nos subterrâneos do petismo, aí só mesmo os frequentadores conhecem.

Como ele é hoje um fio desencapado o comando do PT decidiu ser cauteloso. Vargas então renunciou à vice-presidência da Câmara e do Congresso, mas ainda não ao mandato. Na carta de renúncia o deputado afirma que está deixando o cargo na mesa diretora da Câmara para se concentrar na sua defesa, já que, conforme o esperado, o Conselho de Ética decidiu mesmo abrir um processo por quebra de decoro parlamentar.

O relator é o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas, que relatou o caso José Dirceu, pedindo também a sua cassação. Também agora Delgado não deixa muita dúvida sobre o que vai fazer.

Reproduzo a sua fala: “A gente tem muita prova pública e notória, vamos trabalhar no prazo de 90 dias. Garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas, mas a cada dia surgem novos fatos da relação dele com o doleiro. O fato de ele, na Tribuna da Câmara, ter dito que a relação era superficial compromete, porque a gente agora sabe que é mais profunda do que isso”. E como é.

Em sua carta afirma Vargas: “Tenho enfrentado um intenso bombardeio de denúncias e lações lançadas em veículos de imprensa baseadas apenas em vazamentos ilegais de informações”. Não sei porque o petista precisa esperar tanto.

Quando o doleiro Yousseff lhe diz que um contrato do laboratório Labogen com o Ministério da Saúde vai lhe render a independência financeira, Vargas poderia nos explicar que outro sentido tem essa expressão além de independência financeira.

Quando o doleiro Yousseff disse que precisa “captar”, e ele Vargas promete entrar em ação, ele poderia nos revelar desde já captação de que faz um doleiro. De borboletas? De advérbios? De prosopopeias? Mais, foram lhe dadas chances de explicar o aluguel do jatinho feito pelo doleiro que o levou, e à sua família, de férias para a Paraíba.

O mimo custou 100 mil reais. O deputado preferiu contar o oposto da verdade na Tribuna da Câmara, isso costuma ser fatal mesmo para os elásticos padrões brasileiros. Então porque esperar?

Explico. Se Vargas renuncia agora, dada a lei da Ficha Limpa, ele já está inelegível por oito anos, a partir de 2015. A punição só acaba em 2022, ano em que ele ainda não poderá ser candidato a nada. Pode tentar voltar à vida pública, mantido o calendário atual, só em 2024 nas eleições municipais. Caso seja cassado pela Câmara, que é o mais provável, a punição é a mesma.

Assim, parece que entre chance nenhuma e uma chance remota, ele escolheu a segunda hipótese. Apesar da humilhação que representaria a cassação. Quem está pisando em ovos é a senadora Gleise Hoffman, pré-candidata do PT ao governo do Paraná. Vargas iria coordenar a sua campanha e tinha, ou tem, o PT paranaense na palma da mão.

Será que na vida partidária, propriamente, eram outros os seus métodos. Em se tratando de PT, cabe uma outra pergunta: Vargas atuava apenas em seu próprio nome? Não se esqueçam de que mesmo na cadeia, Yousseff recebeu um recado: tomar cuidado para não falar demais e arrastar gente graúda.

Que gente graúda é esta? Ainda não sabemos.

 

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