Meu lugar predileto em SP é a Avenida Paulista!
Pode parecer clichê, mas se tivesse que apontar meu lugar predileto nessa cidade, seria a avenida Paulista. Sim, o espigão da Paulista, o ponto mais alto entre o centro velho e o novo centro na Faria Lima e região da Berrini.
Palco para grandes celebrações, a avenida das passeatas, a Paulista de todos, foi a rua da minha infância. E hoje é com prazer que passo por ela todos os dias a caminho da Jovem Pan. Até os 15 anos, morei no edifício Pauliceia, ao lado do prédio da TV Gazeta. Era praticamente um dos únicos na avenida que ainda conservava os belos casarões dos barões do Café. Dava gosto ficar pendurada na janela, observando o que se passava naquelas torres, terraços, pátios e jardins, as mansões eram um mistério para a criança curiosa que eu já demonstrava ser. O meu sonho de conhecer por dentro um deles e percorrer seus salões, de estilos variados, foi por água abaixo, quando os casarões começaram a ruir e dar lugar a novos centros de escritórios. Minha vida era por aqui.
Nasci na Pro Matre e me formei na Cásper Líbero, a faculdade fica até hoje no prédio da Gazeta de onde saía todo ano a São Silvestre. Aliás, entrevistar o vencedor da corrida foi minha primeira reportagem para a TV Gazeta onde debutei como estagiária. O prédio também abrigou o projeto Abril Video, uma tevê feita para São Paulo, com Silvia Poppovic, Paulo Markun, Caco Barcellos, Helena de Grammont e muitos outros … e uma repórter novata, foca, que engatinhava. Eu já não morava mais na Paulista, mas retornava todos os dia a ela para trabalhar.
E quantas matérias no MASP com Pietro Maria Bardi, com os empresários da FIESP… E quando precisava de um povo fala, – é assim que a gente chama as sonoras de uma matéria em TV – lá estava eu de volta a Paulista!
Qual não foi minha felicidade no dia em que conheci o arquiteto Benedito Lima de Toledo, muitos anos depois para uma entrevista sobre o aniversário de SP e a falta de memória da cidade. No livro organizado por ele, estavam todos os casarões da minha infância, as fachadas e os interiores… Descobri que aquela mansão do final da Paulista, com jardim recheado de roseiras, era a Casa da Rosas do arquiteto Ramos de Azevedo. O mesmo do Theatro Municipal. Anos depois, quando trabalhei na Secretaria de Cultura com Claudia Costin, contribuí com a ideia da Casa das Rosas virar um centro para saraus de poesia e de difusão das letras. A ideia vingou. Não demorou para o Edifício Pauliceia ser tombado pelo patrimônio histórico. É… o prédio da minha infância tinha uma assinatura: foi projetado pelo arquiteto Jacques Pillon na década de 50 e não pode mais ser derrubado. Que bom ele ter sido reconhecido, numa cidade que costuma apagar seus marcos históricos… Que o prédio possa ser apreciado por todos!
A avenida Paulista caiu no gosto popular, virou cartão postal da cidade. E hoje vir para São Paulo sem conhecê-la, é como visitar Paris, sem passar pela Champs Élysées!
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