Ministério da Saúde deve explicações para a sociedade

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2014 14h46
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Reinaldo, você diz que tanto o Ministério da Saúde como a E.M.S., empresa que é gigante do setor farmacêutico, devem explicações. Porque?

Começo com o Ministério da Saúde. A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, já havia aplicado duas multas à empresa Labogen. Que não foram, no entanto, entregues ao multado porque no endereço oficial da empresa não havia ninguém.

A Labogen, os ouvintes se lembram, é aquele suposto laboratório que pertence ao doleiro Alberto Yousseff, em nome do qual o ainda deputado André Vargas, do PT do Paraná, fez loby. Por incrível que pareça, a empresa conseguiu assinar um contrato com o Ministério da Saúde no valor de 31 milhões. Já havia entendimentos para chegar a 150 milhões.

Pois é, e quem assinou em nome do governo? Alexandre Padilha, então ministro da Saúde, reconhecido cabo eleitoral de Vargas no Paraná, e atual pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT. Cabe então a questão óbvia: a tal Labogen não tinha exatamente uma boa reputação no Ministério da Saúde, certo?

Ainda que não fosse matéria de conversa cotidiana, suponho que a pasta, antes de celebrar convênios ou encomendas de serviços ou produtos, verifique a idoneidade da empresa. Não é possível que não a submeta ao menos aos seus arquivos. Ou qualquer vagabundo que dê pinta por lá e se ofereça para isso e aquilo tem seu pleito atendido.

Agora vamos pensar um pouquinho na E.M.S., a gigante do setor farmacêutico. A empresa deve estar comemorando o temperamento amigável nosso, dos jornalistas, não é mesmo? Eu estou enganado ou o laboratório lavanderia Labogen havia celebrado um acordo com a E.M.S. para o fornecimento de remédios ao Ministério da Saúde? Quem de fato iria fabricar o citrato de cildenafila, o genérico do viagra?

Era a E.M.S. Porque um laboratório com faturamento anual de, atenção, 5,3 bilhões de reais, precisa de uma cabeça de porco, com folha de pagamento de 28 mil reais? Isso na hipótese de que tenha a existência real.

Se eu, Reinaldo Azevedo, propuser um negocinho à E.M.S., mesmo sem ser do ramo e definitivamente, em matéria de remédios, sou apenas consumidor, não obsessivo mas contumaz ao menos, o laboratório topa?

É estranho o silêncio da empresa até agora, não é mesmo? Mas chegou a hora de falar, o que a E.M.S. queria com a Labogen? Quem fez o contato? Quais foram os intermediários na conversa? A única coisa boa de envelhecer, ouvintes, é ter memória.

Eu me lembro ainda, que quando as tripas do governo Collor vieram à luz, apareceram notas ficais de alguns gigantes do capitalismo brasileiro para empresas de PC Farias, caixa do presidente deposto. Notadamente a tal Tratoral. Ora, que tipo de serviço a dita cuja poderia oferecer? Nenhum. Era só uma forma legal de pagar propina por serviços que nunca haviam sido prestados.

A associação entre empresas legais e empresas de fachada é um clássico da malandragem política. Que a Labogen não seja séria disso a gente já sabe. Agora resta que a séria E.M.S se explique. Alguém forçou o acordo? Antes de celebrar uma parceria, uma sociedade, esta gigante do setor farmacêutico, ao menos se ocupa de colher informações cadastrais das empresas com as quais faz negócio?

Qual era a experiência da Labogen na fabricação de remédios? Já tinha produzido antes o que? A própria E.M.S fabrica os genéricos com o mesmo cuidado com que seleciona suas parceiras? Deixo aqui as minhas perguntas à E.M.S. Se a empresa quiser responder divulgo a sua resposta com muito gosto. Se não falar nada, então é porque prefere se esconder.

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