Ministro da Justiça ignora pregação terrorista de Boulos e volta baterias contra defensores do impeachment
Eugênio Aragão precisa cuidar para que seu reinado, que será necessariamente curto, à frente do Ministério da Justiça não se transforme num exemplo caricato de estado aparelhado por um partido. Por que digo isso?
Porque o doutor vê severos perigos em conversa mole de Internet, mas ignora indivíduos reais, que lideram movimentos e ameaçam a coletividade. E faz tanto uma coisa como outra com viés ideológico. Vamos ver.
Na madrugada passada, um grupo de pessoas resolveu promover um protesto em frente ao condomínio em que a família do ministro Teori Zavascki, do Supremo, tem um apartamento, em Porto Alegre. Faixas foram estendidas no local com os dizeres “pelego do PT”, “Teori traidor” e “deixa o Moro trabalhar”. Os manifestantes são ligados ao Movimento Brasil Livre do Rio Grande do Sul.
QUE FIQUE CLARO! ACHO ESSA PRÁTICA ABSOLUTAMENTE INACEITÁVEL. E NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ESCREVO ISSO AQUI.
Eu não opero com os mesmos critérios das esquerdas. Não acho que todos os meios sejam válidos e aceitáveis na luta política. Importunar as pessoas em suas casas não faz parte do jogo. Acho justo, legítimo e até necessário que as pessoas pressionem partidos e parlamentares — nos limites da civilidade. Isso é do jogo.
Zavascki também teria recebido ameaças na Internet.
Desde logo, deve-se deixar claro: quem dá a cara num protesto quase nunca é o mesmo que abusa do anonimato para dizer boçalidades. Assim, é bom que o sr. ministro da Justiça e a imprensa não misturem alhos com bugalhos. Uma coisa é a manifestação, por mais errada que eu a considere; outra, distinta, é a ameaça.
E qual é a razão do descontentamento com Zavascki, que motivou o protesto — inoportuno, mas não criminoso — e as ameaças? Teori requisitou o processo que envolve o ex-presidente Lula, que estava com Sergio Moro, e decretou sigilo das gravações que registram falas da presidente Dilma. Não! Não significa que Lula vá ser processado e julgado pelo Supremo. Significa apenas que o ministro deixou claro que será a corte a decidir.
Agora Eugênio
Muito bem! Eugênio Aragão determinou que a Polícia Federal investigue ameaças e eventual instigação à violência oriundas de grupos que pedem o impeachment da presidente Dilma. É uma piada! A maior manifestação da história do país, no dia 13 de março, não registrou um único incidente.
É claro que o ministro, que já fez ameaças à Polícia Federal, está superestimando o ocorrido para tentar colar nos que defendem a saída de Dilma a pecha de violentos e intolerantes.
No Estadão de hoje, o petista Guilherme Boulos, líder do MTST e de uma tal Frente Povo Sem Medo, não ameaça apenas uma pessoa, não! Ele ameaça o país inteiro se houver impeachment. Leiam uma de suas falas:
“Este país vai ser incendiado por greves, por ocupações, mobilizações, travamentos. Se forem até as últimas consequências nisso, não haverá um dia de paz no Brasil”.
Venham cá: isso é ou não é uma ameaça, desferida, no caso, contra todos os brasileiros? Pergunta óbvia: Aragão se dispõe a investigar Boulos, que é da sua turma, ou prefere perseguir lorotas da Internet? Agora dá para entender o tipo de gente que o PT queria no Ministério da Justiça.
Os defensores do impeachment têm de saber que as provocações crescerão em escala exponencial. E têm de fazer de tudo para não entrar no jogo.
A única chance dos petistas hoje é o erro dos seus adversários.
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