Mísseis de Trump são aprovados, mas não fulminam impopularidade interna
Caso eu realmente quisesse chamar a atenção do ilustre ouvinte, dedicaria este boletim a um alerta apocalíptico: a escalada de tensões entre EUA e Rússia (e podem ampliar para a China) vai conduzir o mundo para a Terceira Guerra Mundial, apenas 100 anos depois da Primeira.
No entanto, serei mais prosaico e esperarei alguns dias para sentir melhor se esta escalada é mais teatral do que o Juízo Final. Por ora, a decisão de Donald Trump de disparar mísseis contra Bashar Assad, e por extensão ao padrinho Vladimir Putin, não mexeu muito na agulha doméstica.
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Não estou subestimando o potencial de Trump se converter em um presidente convencional, pelo menos em política externa, mas sempre suspeito do homem. O fato é que seus mísseis foram bem acolhidos inclusive pelos críticos e entre os democratas as objeções foram esporádicas. Horas antes do lançamento dos mísseis, a derrotada Hillary Clinton sugeriu algo semelhante.
Existe o borbulhar das águas no esgoto da extrema direita denunciando a traição de Trump à promessa de America First, mas a base republicana está maciçamente com o presidente. Trump tinha razão quando disse que poderia atirar em alguém na Quinta Avenida que não perderia votos. Certo ou errado, o presidente está certo para a maioria dos eleitores republicanos.
O ponto mais importante das pesquisas é o seguinte: os americanos endossaram a iniciativa de Trump, mas isto não reforça a confiança no presidente. Na pesquisa Washington Post/TV ABC, apenas 25% disseram que a decisão confere habilidades de liderança no presidente. Ademais não existe otimismo que o gesto por si irá alterar de forma dramática o comportamento de Bashar Assad ou afastar os russos do ditador genocida.
A pesquisa diária do Gallup mostra que a taxa de aprovação de Trump ficou estática depois do lançamento dos mísseis na sexta-feira passada, seguindo na faixa dos 40%. O hiperbólico Trump, por ora, não ganhou muito na frente doméstica por um gesto certeiro por si.
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